terça-feira, 15 de setembro de 2015

Quando Michael Jackson Passou Para Trás Paul McCartney

Li esse artigo no site do jornal venezuelano Tal Cual. Por se tratar de um pedaço da história dos Beatles, decidi reproduzir em meu blog. Achei estranha a pontuação usada pelo autor, mas mantive ela como estava. O endereço é http://www.talcualdigital.com/Nota/118620/Cuando-Michael-Jackson-Estafo-A-Paul-Mccartney

Quando Michael Jackson passou para trás Paul McCartney

Quando Jackson explicou aos seus contadores o negócio, disseram a Jackson que era melhor se ele comprasse ATV e não dividisse com ninguém assim que fechasse o negócio e "passou para trás" o amigo que aconselhou-o como investir o seu dinheiro


Por Carlos M. Montenegro
É uma verdade indiscutível que os Beatles foram a banda de rock e pop de maior sucesso de todos os tempos desde a sua formação definitiva, em 1962, Ringo, George, Paul e John, revolucionaram a indústria musical com o seu humor pessoal e atitude em relação à música, abrindo as portas do Rock & Roll para toda uma onda de bandas de rock britânicas e depois mundialmente. Seu impacto inicial foi suficiente para estabelecer os Beatles como uma das forças culturais mais influentes do século XX, mas não se detiveram por aí.

Embora seu estilo inicial fosse muito original com músicas irresistivelmente cativantes, os Beatles passaram os anos 1960 expandindo fronteiras estilísticas do rock, sempre apostando em novas formas musicais em uma variedade de gêneros, incluindo folk-rock, country, pop, psicodelia , sinfônica e barroca, sem sacrificar a energia de seus primeiros trabalhos.

A popularidade adquirida desde suas primeiras gravações deixaram estabelecidas no imaginário popular que os Beatles são lendários, e enquanto permaneceram unidos tudo fluiu facilmente devido, talvez, a sua bem promovida imagem em filmes, publicações escritas e, acima de tudo, o estrondoso sucesso de suas canções.

Depois da grande explosão do Rock & Roll, em 1956, que revolucionou o mundo com Elvis Presley como ícone indiscutível, os Beatles protagonizaram uma segunda revolução, que conseguiu ofuscar o "rei", algo inimaginável até então. Depois de mais de meio século, o grupo de Liverpool continua vigente e até para os jovens que não tinham nascido até então, hoje sabem que o quarteto musical é o mais importante transcendendo os modismos.

Mas nem tudo foi fácil na carreira da banda, o sucesso não caiu do céu como maná bíblico. Poucos artistas trabalharam tão duro; além das intermináveis noites no início da carreira, em Liverpool ou em Hamburgo, onde tocavam onde fossem aceitos, desde 1962 quando lançaram seu primeiro single, "Love Me Do", tocaram quase 1.400 vezes ao vivo, em turnê com outros artistas ou apenas eles, recorde não batido por ninguém, e tudo em menos de cinco anos, pois os Beatles deram o seu último concerto ao vivo em 29 de agosto de 1966, em Candlestick Park, em San Francisco* para dedicar-se a escrever e gravar apenas disco que são história hoje.


A tudo isto deve ser adicionado milhares de horas de ensaios, o tempo de filmagem ou produção de seus cinco filmes: A Hard Day’s Night (1964), Help! (1965) Magical Mystery Tour (1967) Yellow Submarine (1968) e Let It Be (1970) e especialmente as maratônicas sessões no Estúdios Abbey Road com o produtor George Martin, com quem gravaram mais de 250 canções em apenas oito anos, a maioria composta pelos prolíficos Lennon e McCartney.

Os Beatles logo se tornou máquinas de fazer dinheiro, compartilhado de várias formas com vários agentes e empresários por todo o globo.

Seu agente pessoal era Brian Epstein, que supostamente os conheceu em novembro de 1961 quando tocavam em um pub no porão do número 10 da Rua Mathew em Liverpool: O Cavern Club. Epstein ficou entusiasmado com o grupo e conseguiu ser o seu representante, até sua morte prematura em 1967.

Epstein foi o criador da imagem formal dos Beatles, domado sua atitude agressiva, proibiu-os de fumar e comer no palco, ele dispensou as roupas de couro, o jeito "Teddy Boy", substituindo-o por um traje mais formal, com gravata, ao estilo "Mod" da classe média Inglesa; Ele criou o penteado com franja que se tornou moda universal e até lhes disse que depois de cada canção agradecessem os aplausos curvando-se elegantemente. Sua contribuição para a promoção e sucesso do grupo foi definitiva. Ele foi chamado de "o quinto Beatle".

No entanto era clara sua inexperiência no "show business", chegava à incompetência, em matéria de administração e finanças. O grupo gerou fortunas em suas turnês, a venda de discos, música impressa (partituras), "de merchandising" e, acima de tudo, como autores e compositores, como detentores de reprodução fonográfica, uso de imagem (cinema, publicidade, etc.) e direitos autorais.

Os números relativos aos três últimos itens, gerados principalmente pelas obras de Lennon e McCartney eram simplesmente formidáveis, considerando que os direitos são válidos por 70 anos após a morte do autor, sem ignorar os direitos gerados por suas canções executadas por outros artistas ou orquestras**.

A gestão de Epstein nesses casos foi simplesmente desastrosa. Após sua morte, os Beatles ficaram desorientados por ter confiado cegamente seu agente que foi sempre honesto. O grupo contratou um gerente, Allen Klein que ao verificar o estado de seus negócios, descobriu que nem mesmo controlavam os direitos de suas obras, seu principal patrimônio.

Em 1963, Epstein tinha decidido contar com um editor para administrar os números fabulosos gerados pelas obras do primeiro álbum Please Please Me. Já em 1962, a publicação das canções "Love Me Do" e "Please Please Me", indicavam o que estava por vir e George Martin sugeriu para Epstein, para proteger os direitos, para falar com um certo Dick James, que acabou por se revelar um velho músico aposentado sugador do sangue de compositores que vivem sob sua pequena editora Dick James Music (DJM). James percebeu que isso seria muito grande e sugeriu a Epstein criar uma publicação exclusivamente para proteger a obra dos Beatles.

Assim nasceu a Northern Songs que adquiria todas as canções compostas pelos Beatles desde a assinatura do contrato; Dick James administrar o catálogo através de sua editora que ficava com 50% dos lucros quando é habitual era apenas 10%.

Lennon e McCartney tinham uns 30%, Brain Esptein 10% e os outros 10% eram divididos entre George Harrison e Ringo Starr (1,7% cada) o restante (4,6%) outros parceiros de James, que controlava a Northern Songs . Relações com os Beatles estavam se deteriorando e James habilmente aproveitou que Paul e John estavam em lua de mel com suas esposas e vendeu a Northern Song para Lew Grade em vários proprietário ATV por 3,5 milhões de libras.



Em seu retorno Lennon e McCartney, enfurecidos, tentaram comprar a Northern Songs de Grade, mas ele se nagava a vender a não ser que comprassem a toda a ATV, que possui e obras de The Beatles, por 35 milhões de libras. Negociações fracassaram pois eles não tinham esse dinheiro e de novo não tinham mais controle sobre suas obras.

Anos depois da morte de Epstein e da dissolução dos Beatles, Paul McCartney e Michael Jackson gravaram várias canções em dueto como "Say Say Say" e "The Girl Is Mine". Em fevereiro de 1983, Paul recebeu em sua casa de campo Michael para filmar o videoclipe deste último.

Paul, aconselhou seu jovem amigo que investisse seus lucros em royalties, seus próprios e de outros compositores criando uma editora própria, e que poderia adquirir a ATV de Lew Grade, que já havia negado vender ou associar-se a eles - Paul e John – controlando a Northern Songs com todas as obras de Lennon-McCartney. Quando Jackson explicou aos seus contadores o negócio, disseram a Jackson que o melhor era comprar a ATV e não dividí-la com ninguém assim que fechasse o negócio e "passou para trás" o amigo que lhe aconselhou como investir o seu dinheiro.

Mas não termina aí, quando Jackson entrou em dificuldades financeiras por conta de seus casos judiciais e seus custoso estilo de vida. Tinha dívidas que não podiam pagar e decidiu vender ATV. Ele poderia ter oferecido a Paul, mas ele preferiu fechar o negócio com a editora da Sony, sua gravadora a quem devia uma fortuna em adiantamentos. A Sony tomou o negócio como uma forma de cancelar a dívida Jackson.

Assim se consumou a traição a Paul McCartney, que foi mais uma vez incapaz de acessar o controle das obras dos Beatles.

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