quarta-feira, 30 de abril de 2014

São Paulo a Noite - Vale do Anhangabaú

Tirei essa foto do Vale do Anhangabaú (a partir do Viaduto Santa Ifigênia) em 2003. O grande (e bonito) prédio a direita na foto é a antiga Agência Central De Correios e Telegráfos. Cerca de cinco anos atrás ela estava sendo reformada, não sei dizer se já terminaram a obra e qual o destino do edifício.

Bem ao fundo, dá para ver o Viaduto do Chá.

São Paulo a Noite- Mosteiro de São Bento

Vou postar mais algumas fotos que tirei algum tempo atrás. Na verdade muito tempo atrás. Dessa vez, as fotos foram tiradas em 2003, no centro de São paulo, em uma fria noite de inverno. Já naquela época dava um certo medo andar com uma câmera fotográfica. Antes de tirar cada foto, eu sempre olhava em volta para ver se não tinha um pessoal "mal encarado" me observando.

Usei uma antiga câmera Zenith (soviética). A câmera tinha uma dupla função: Minimizar meu prejuízo (caso eu fosse roubado) e poder usá-la como arma de defesa (usando o pesado corpo de aço para dar na cabeça de algum "nóia" que me atacasse).

A foto é do Mosteiro de São Bento, que ficou bem bonito com a iluminação noturna.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Hang On Sloopy - II

Hang On Sloopy

Origens
O título original de "Hang On Sloopy" era “My Girl Sloopy” e foi composta por Bert Russel (pseudônimo de Bert Berns) e Wes Farrell. A canção era uma homenagem à cantora de Jazz Dorothy Sloop, mais conhecida pelo nome artístico de Sloopy, e tem como tema a discriminação social.

A canção foi gravada pela primeira vez pelo grupo vocal The Vibrations, no ano de 1964, e alcançou a posição 26 das paradas de sucesso americana:



Outra versão interessante de “My Girl Sloopy” foi gravada pela banda Little Caesar & The Consuls. (Tentei de diversas formas anexar o vídeo com a versão produzida por essa banda, mas, por algum motivo, o blogger se recusa a fazer isso, se quiserem ver e ouvir, o link é: https://www.youtube.com/watch?v=0AiWzUY2VPg)

E essa versão da banda The Yardbirds, julho de 1965 (obs: quando eles gravaram a música, ela ainda se chamava "My Girl Sloopy"):



O estranho caminho para o sucesso
A canção chegou ao primeiro lugar das paradas de sucesso (durante apenas uma semana) em 1965, através da banda The Mc Coys. Formada por adolescentes que ainda faziam o colegial (ensino médio), a banda começou sua carreira com o nome de Rick Z Combo e pouco tempo depois mudaram o nome para Rick And The Raiders. Em 1965, eles fizeram o show de abertura para uma estranha banda chamada The Strangelovers (banda, esta, que não passava de uma jogada de marketing de três compositores americanos, que se apresentavam como se fossem australianos).

Os integrantes do The Strangelovers pretendiam gravar “My Girl Sloopy” depois que conseguissem emplacar “I Want Candy” na parada de sucessos. Excursionando com eles, pelos Estados Unidos, estava a banda inglesa The Dave Clark Five. Segundo algumas versões, os ingleses perceberam o apelo comercial da canção e decidiram grava-la também.


(Agora vem a parte que não está bem explicada para mim)


Acontece que os integrantes do The Strangelovers não queriam lançar “My Girl Sloopy” para que esta não atrapalhasse o esforço para fazer “I Want Candy” subir nas paradas de sucesso. Em um show, na cidade de Dayton (Ohio, EUA), os integrantes do The Strangelovers viram a apresentação da banda Rick And The Raiders (que abriu o show para eles) e decidiram leva-los para Nova Iorque (com autorização dos pais dos garotos, claro!). Chegando lá, a banda foi orientada a mudar de nome para The Mc Coys e a gravarem os vocais (sobre a faixa musical que já estava pronta) da música “My Girl Sloopy”. Por fim, o nome da canção foi alterado para “Hang on Sloopy”.



Ironicamente a música, que os músicos do The Strangelovers não queriam gravar, caiu no gosto popular e alcançou as primeiras colocações da parada de sucessos americana, chegando ao primeiro lugar ainda em outubro de 1965, e vendendo mais de um milhão de singles naquele ano.


Outras versões
A canção (já sob o nome de “Hang On Sloopy”) recebeu muitas versões ao longo dos anos. A primeira versão com algum sucesso (ou digna de nota) foi gravada pelo conjunto de Jazz Ramsey Lewis Trio (ainda em 1965) e alcançou a posição numero 11 na parada de singles.


The Supremes, agosto de 1966:


No Brasil, também fizeram uma versão da canção, intitulada “Pobre menina”. Ela foi gravada pela dupla Leno e Lilian e lançada em seu disco de estreia no ano de 1966.


Ao todos seriam 59 as versões registradas da música “My Girl Sloopy”, sob esse nome, ou sob o nome “Hang On Sloopy”.

Observação: Existe uma música chamada "Louie, Louie" que é frequentemente confundida com “Hang On Sloopy”. Falarei dessa outra música no momento oportuno.

domingo, 27 de abril de 2014

Hang On Sloopy - I

Hang On Sloopy

Neste post mostrar uma cançao que fez grande sucesso na versão de uma banda adolescente. De verdade! Pois os integrantes da banda The Mc Coys ainda estavam no colegial/ensino médio quando lançaram a música "Hang On Sloopy", em 1965. A música alcançou o primeiro lugar das paradas americana em outubro daquele mesmo ano.

Agora com vocês... The Mc Coys!


Escolhi esse vídeo do YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=iBg3bvhZPZA) pois eles aparecem cantando ao vivo em um programa da TV americana. Surgiu um pequeno problema depois que postei o vídeo. Parece que tem diversas versões extendidas da canção. Vou colocar abaixo a versão que condiz com o clipe acima.

Hang on, Sloopy, Sloopy, hang on
Hang on, Sloopy, Sloopy, hang on
Sloopy lives in a very bad part of town
And everybody, yeah, tries to put my Sloopy down

Sloopy, I don't care what your daddy do
'Cause you know, Sloopy, girl, I'm in love with you
And so I sing out
Hang on, Sloopy, Sloopy, hang on
Hang on, Sloopy, Sloopy, hang on
Sloopy, let your hair down, girl
Let it hang down on me
Oh, Sloopy, let your hair down, girl
Let it hang down on me, yeah, yeah
Come on, Sloopy (Come on, come on)
Well come on, Sloopy (Come on, come on)
Well, come on, Sloopy (Come on, come on)

sábado, 26 de abril de 2014

Crying In The Rain - II

Crying In The Rain

Composta por Howard Greenfield (letra) e Carole King (música), “Crying In The Rain” foi gravada pela primeira vez pela dupla norte americana Everly Brothers, e lançada com grande sucesso em 1962. A canção foi a única colaboração entre esses dois compositores.

Everly Brothers
Os irmãos (Don e Phil) Everly começaram sua carreira artística em 1957, sendo fortemente influenciados pelo Country. Suas músicas eram caracterizadas por terem um som mais “leve”, calcado no uso do violão e com uso de harmonias vocais. Na esmagadora maioria de suas gravações, Don cantava a parte “baixa” da harmonia, e Phil cantava a parte "alta".

Apesar de suas raízes musicais estarem no Country, os Everly Brothers aderiram ao Rock and Roll  e excursionaram pelos Estados Unidos ao lado de Buddy Holly, e de outros pioneiros do Rock, nos primeiros anos desse movimento musical. O estilo despojado da dupla influenciou diversos cantores e bandas nas duas décadas seguintes.


“Crying In The Rain” não foi o maior sucesso da dupla, mas durante muitos anos ela foi associada exclusivamente aos Everly Brothers (apesar das inúmeras regravações e versões feitas por de outros cantores nos anos seguintes). Em 1962, a canção alcançou a posição número 6 tanto nas paradas de sucesso americanas, como nas britânicas.




A-ha
Em 1990, a banda norueguesa A-ha regravou a música e a lançou em um single, depois incluiu-a no Long Play "East Of The Sun, WestOf The Moon". As versões, do A-ha e dos Everly Brothers são muito parecidas. A diferença entre elas reside nos efeitos sonoros de chuva e o uso de instrumentos “plugados” (como órgão elétrico, guitarra e bateria bem pronunciada), o que confere à versão do A-ha uma roupagem mais Rock and Roll.

A "Crying In The Rain" alcançou a posição 13 na parada de sucessos britânica e a posição 26 nos Estados Unidos. O sucesso foi tamanho que, para as gerações mais recentes, “Crying In The Rain” é associada exclusivamente ao A-ha, de tal forma que poucos se lembram da versão original.

Felizes com o sucesso renovado da canção, os Everly Brothers convidaram os integrantes da banda norueguesa para um encontro. Don e Phil então presentearam os três integrantes do A-ha com três violões, que são usados até hoje em shows da banda norueguesa.



sexta-feira, 25 de abril de 2014

Crying In The Rain - I

Crying In The Rain

Vou retomar minhas postagens de música. Para não me limitar apenas à banda britânica  Animals, vou publicar hoje um clipe com a dupla americana Everly Brothers. A música escolhida é "Crying In The Rain" e fez grande sucesso na década de 60.

Quase 30 anos depois, a canção voltou as paradas de sucesso mundiais com a versão da banda A-ha. O sucesso foi tamanho, que as gerações mais jovens desconhecem a versão original dos Everly Brothers.

Agora, com vocês... TOs Everly Brothers!


É uma coincidência esta música e a anterior falarem de choro. Não achei no YouTube algum vídeo (com qualidade) dos Everly Brothers cantando, então escolhi o vídeo acima, no endereço https://www.youtube.com/watch?v=V_6qQEyCSv8

I'll never let you see
The way my broken heart is hurting me
I've got my pride and I know how to hide
All my sorrow and pain
I'll do my crying in the rain
If I wait for cloudy skies
You won't know the rain from the tears in my eyes
You'll never know that I still love you so
Though the heartaches remain
I'll do my crying in the rain
Raindrops falling from heaven
Could never wash away my misery
But since we're not together
I'll wait for stormy weather
To hide these tears I hope you'll never see
Someday when my crying's done
I'm gonna wear a smile and walk in the sun
I may be a fool
But till then, darling, you'll never see me complain
I'll do my craing in the rain
I'll do my crying in the rain
I'll do my crying in the rain
I'll do my crying in the rain

quinta-feira, 24 de abril de 2014

De Gaivotas A Mulheres Frankenstein

No ano passado, mais precisamente em março, escrevi e publiquei o texto abaixo. Resolvi republicá-lo agora em meu blog, mas antes, fiz algumas modificações em relação ao texto original. Então, quem conhecia a primeira versão, pode estranhar a mudança de algumas palavras.

De Gaivotas A Mulheres Frankenstein

Nos últimos dias de fevereiro de 2013, acompanhei no noticiário a ocorrência de um fenômeno que não é recente, mas que ficou mais visível durante o carnaval daquele ano. Estou falando dos corpos deformados de algumas “rainhas”, “madrinhas” e outras “inhas” de escolas de samba. Em especial, chamou minha atenção as fotos de uma dessas “inhas” chamada Gracyanne Barbosa, cuja maior notoriedade é ser a atual companheira do cantor Belo. Observem a foto abaixo.

(foto: Roberto Filho / AgNews)

Nessa foto e em outras (que são fáceis de achar pela internet) é possível observar que há algo muito estranho no corpo dela. As nádegas estão anormalmente grandes e pontudas (como se fossem duas bolas tivessem sido colocadas sob a pele). Suas pernas e canelas finas contrastam com as enormes e musculosas coxas. As costas e braços têm uma definição muscular que mais parece de um sapo, ou um fisiculturista. Cheguei a pensar que as fotos fossem de um travesti. O que leva uma pessoa a deformar seu corpo desta forma? E ainda achar belo, ou pelo menos satisfatório o resultado?

Antes de dar a resposta para estas perguntas, algumas considerações e informações pertinentes. O carnaval sempre foi a "festa da carne", por isso não é recente essa exposição de corpos modelados, com exercícios físicos, ou transformados com próteses de silicone. É difícil dizer quem foi a primeira mulher a transformar o próprio corpo de forma tão “drástica”, mas com certeza a mais famosa de todas foi Ângela Bismarck. Por sinal, ela tornou-se uma celebridade exatamente pelo fato de anunciar que havia se submetido a dezenas de cirurgias plásticas (realizadas pelo então marido) para participar de desfiles e bailes de carnaval.

Com o passar dos anos, começaram a aparecer outras mulheres, que transformavam seus corpos com o intuito de ficarem famosas, e não apenas durante a época do carnaval. Algumas repetiram o exemplo da Ângela Bismarck, fazendo modificações por todo o corpo, outras preferiam fazer musculação para desenvolver, principalmente, as coxas e nádegas. Entre as mulheres “bombadas”, a mais famosa de todas foi Viviane Araújo. Lembro-me de quando ficou famosa, em meados dos anos 90, logo após sua participação no concurso das Panteras. Nesta época, era uma moça normal, sem nada exagerado, mas com um belo corpo feminino. No início dos anos 2000, avistei-a em um shopping de São Paulo, em companhia do esposo, naquela ocasião, o cantor Belo (curioso o gosto deste rapaz por mulheres com aparência de homem). Ela estava peituda (com certeza era silicone), estava com a musculatura (principamente das pernas) bem desenvolvida e definida, e vestia uma roupa tão apertada que era difícil acreditar que ela conseguia se mexer sem desconforto.

Mas ela parecia feliz... Talvez por chamar a atenção de todo mundo, ainda que pelos motivos errados, pois todos olhavam aquela “esquisitice” em que ela havia se transformado. Apesar do bundão e dos peitões (estes parecendo saltar para fora da roupa agarrada) o corpo dela havia ficado "desequilibrado" e pouco feminino. Pode-se afirmar que ela acabou tornando-se a pioneira deste fenômeno atual, que chamo de “mulheres Frankenstein”. Não é a toa que, durante uma reportagem do programa “Fantástico” (17 de fevereiro de 2013), um sujeito descreveu a Viviane Araújo como sendo: a “mistura perfeita entre músculos e samba no pé”.

Por que uma a pessoa modificaria seu corpo com exercícios e silicones, mesmo quando não precisa, pois já tem um corpo belo? Uma possível explicação poderia ser o desejo de ganhar alguns minutos de fama e consequentemente ganhar uns trocados participando de eventos. Essa resposta não me parece muito satisfatória, pois bastaria apenas manter a boa aparência corporal (com uma alimentação saudável e alguns exercícios físicos moderados) para obter essa exposição desejada e os trabalhos com “eventos”, que vem com a fama.

Outra explicação, aliás muito citada, explica esse "fenômeno" como sendo fruto da “ditadura da moda”. É como se essas mulheres fossem vítimas de uma imposição social, econômica, ou outro tipo, e não tivessem condições de escapar. É claro que essas mulheres não são obrigadas a fazer isso com seus corpos, fazem porque querem! Este é o ponto onde quero chegar. Na mesma matéria do “Fantástico”, uma moça (que não faço ideia de quem seja) fez uma declaração mais ou menos assim: “As pessoas ficam esperando a mulher com coxão, com peitão, mulherão... O carnaval pede isso”.

O carnaval não é um ser para pedir ou exigir alguma coisa. O que existe são pessoas que esperam ver mulheres com peitão, coxão, bundão. Existe um culto ao padrão de beleza caracterizado por corpos exagerados. Todos os dias vemos representações desse padrão de beleza a nossa volta em pinturas, histórias em quadrinhos, esculturas, bonecos de plástico, etc. E isso não é um fenomeno recente. Desde que a humanidade começou a produzir imagens artísticas (a partir do neolítico) poucas foram as situações em que produzimos imagens realistas, seja dos seres humanos, seja de outros seres vivos. E qual a razão para isso? E qual a relação com as “mulheres Frankenstein”?

Um neurocientista indiano chamado Vilayanur S. Ramachadran defende em seus trabalhos a tese de que existe um princípio neurológico, nomeado por ele como supernormal stimulus (e que pode ser traduzido livremente como princípio do exagero). A tese do neurocientista pode ser explicado através do seguinte experimento: Percebeu-se que os filhotes de uma espécie de gaivota reconhecem a figura de sua mãe observando uma faixa vermelha no meio de seu bico amarelo. Quando aproximamos um palito amarelo, com uma faixa vermelha, dos filhotes, os mesmos se atiçam. Até aí parece óbvio, pois os filhotes podem estar confundindo o palito com a mãe, achando que serão alimentados. O interessante é quando se aproxima deles um palito com uma faixa vermelha e outro com duas faixas vermelhas, ao mesmo tempo.

Os filhotes ignoram o palito com uma faixa e preferem o palito com duas. Se colocarmos mais palitos com mais faixas vermelhas (três, quatro, cinco...) os filhotes manifestam maior interesse nos palitos que têm mais faixas vermelhas. Quanto mais faixas, mais excitados eles ficam. Ramachadran defende que nós, seres humanos, também possuímos um instinto biológico que leva a nossa mente a preferir uma representação exagerada do corpo humano.

Chegamos onde eu queria. Vamos voltar à frase dita por aquela moça: “as pessoas ficam esperando a mulher com coxão, com peitão, mulherão”. O que ocorre é que essas mulheres percebem que existe um culto a algumas características físicas (grandes e firmes glúteos, seios igualmente grandes e firmes, um corpo com tônus muscular) e elas querem ter corpos assim. Mas não basta ser apenas firme e grande. Por causa do princípio do exagero, os seios e as nádegas têm que ser enormes, tão grandes que chamem a atenção. Pouco importando se o corpo acabe ficando esteticamente estranho, e até feio. As coxas têm que ser grossas, tão grandes que os joelhos e pernas aparentem ser pequenos diante daquela massa de músculos acima deles.

Ao exagerarem seus corpos (ou parte deles) as "mulheres Frankenstein" buscam a fama. Não apenas isso. Também procuram chamar a a atenção para conseguir trabalhos (e dinheiro), ou se sentirem desejadas, e consequentemente mais belas. Ainda que o resultado final de sua transformação corporal não seja harmônico nem belo.

Um comentário final: Não estou desejando mal a ninguém, mas dependendo do que estejam fazendo com seus corpos, dentro de alguns anos as "mulheres Frankenstein" terão sérios problemas de saúde e dores pelo corpo.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

I'm Crying - II

I’m Crying

Histórico da canção
Lançada como single em setembro de 1964, “I’m Crying” rapidamente tornou-se o segundo sucesso transatlântico da banda The Animals. Composta por Eric Burdon e Alan Price (respectivamente vocalista e organista da banda), a canção é uma joia do Rhythm and Blues. O órgão elétrico mantem um ritmo pulsante, com quebras selvagens de guitarra e baixo, tudo isso sob o poderoso desempenho vocal de Eric Burdon, que chega algumas vezes a gritar durante a música. O ritmo parece se acelerar aos poucos até o final, mantendo o balanço contagiante, que pode ser visto nas apresentações ao vivo.

Apesar de seu ritmo frenético, “I’m Crying” não chegou perto do sucesso obtido pelo single anterior, que trazia a canção “House of the Rising Sun”. Ainda assim, a música alcançou a posição número 6 na parada de sucessos do Canadá, a posição número 8 no Reino Unido e a 19 posição no Estados Unidos. No outro lado do single ficava a canção "Take Easy" (outro sucesso da banda).



Não seria um erro afirmar que "I’m Crying" foi o estímulo que faltava para muitos garotos da época resolverem montar suas bandas de Rock and Roll.



Uma informação adicional: Alguns sites informam que “I’m Crying” ficava no lado B do single, mas pelo que andei pesquisando, a canção ficava mesmo era no lado A. No lado B  do single estava a música “Take Easy”. O vídeo mais acima saiu do endereço https://www.youtube.com/watch?v=_T9gU4V4kj0

terça-feira, 22 de abril de 2014

I'm Crying - I

I'm Crying

Gostaria de poder postar mais textos e vídeos, mas estou com dificuldade para encontrar tempo. Além disso, antes de postar alguma coisa, gosto de fazer uma pesquisa (por menor que seja) para trazer informações relevantes sobre o tema da postagem e também ter certeza das informações que publico.

Agora com vocês... The Animals!


Escolhi este vídeo acima, dentre vários no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=bUI5RpxF4WA), porque me parece que a banda está tocando ao vivo em um programa da TV britânica. Mas pode ser que eu esteja enganado e seja um playback.

I don't hear your knock upon my door
I don't have your lovin' anymore
Since you been gone I'm a-hurtin' inside
Well I want you baby by my side, Yeah
I'm cryin', I'm cryin'
Hear me cryin' baby
Hear me cryin'
I'm lonely and blue baby every night
Yeah, you know you didn't treat me right
And now my tears begin to fall
Well I want you baby and that's all
I'm cryin', I'm cryin'
Hear me cryin' baby
Hear me cryin'
I don't hear your knock upon my door
I don't have your lovin' anymore
Since you been gone I'm hurtin' inside, yeah
Well I want you baby by my side
But I'm cryin', you know I'm cryin'
Hear me cryin' baby
Hear me cryin'
Hear me cryin'

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Conto: Na Esperança De Sair Ileso

Este é um pequeno conto que escrevi muito tempo atrás. Espero que gostem.

Na esperança de sair ileso

Não me lembro ao certo como vim parar aqui. Sei que é final da tarde, pois os refletores estão ligados, apesar da luz do sol ainda brilhar.

Fiquei muito tempo com um saco preto em cima de mim, por isso é difícil dizer quanto tempo se passou. Acho que fiquei uma semana inteira em um cômodo fechado, frio e escuro. Desse lugar até aqui, fui transportado em um veículo automotor, tipo perua. Pelo tempo que circulei, calculo que o local onde estive não era muito longe daqui.

Depois fui jogado e trancado em dois lugares que aparentavam ser imundos. O primeiro cheirava a mofo, o outro cheirava como roupa suja, com aquela murrinha característica de suor ardido dominando o ambiente.

Quando me desamarraram e tiraram o saco preto de cima de mim, (que por sinal também era bem sujo) me vi nas mãos de um rapaz, jovem, vestindo um uniforme verde. Bem próximo de nós estava um dos meus camaradas. Ele havia sido violentamente chutado de todas as formas, de um lado para o outro, e agora jazia no chão inerte.

Fomos pegos juntos e até uma semana atrás dividíamos a mesma sorte e mesma angústia de esperar pelo que nos aguardava. Não sabíamos claramente o que poderia ser, mas pressentíamos que não seria bom. Quando ele foi levado, fiquei assustado imaginando o que iriam fazer com ele. Isso aumentava a sensação de mal estar que sentia.

Antes que tirassem o saco, podia ouvir os sons de muita gente reunida gritando, batendo, apanhando e xingando. Isso só alimentava a minha ansiedade e medo de que os sons que ouvia fossem o que imaginava. No fundo queria que se esquecessem de mim e me deixassem em paz, como já vinham fazendo nos últimos dias.

Mas era uma vã esperança...

Eu já sabia disso! Uma vez em poder deles, nunca me deixariam de lado até que arrancassem de mim o máximo que pudessem. Quando vi que minha hora havia chegado, tentei fugir me jogando no chão, mas o rapaz jovem me segurou com força e me conduziu até outro rapaz (um pouco mais velho que o primeiro) com uma aparência que me punha medo.

Ele tinha os cabelos curtos, cortados bem rentes do lado, como um milico. Os seus colegas (que agora podia visualizar) também usavam o mesmo o mesmo uniforme de uma cor verde, quase verde-oliva.

Cada um parecia ter a mesma expressão de indiferença no rosto. Já era algo corriqueiro para eles o que faziam. Através do olhar de cada um, era possível perceber que alguns estavam ansiosos para me pegarem, e pouco se importavam com o que acontecia ao redor, enquanto que outros olhavam freneticamente para os lados, preocupados com a possibilidade de que alguém que pudessem surpreendê-los.

Quando meu primeiro algoz me segurou, pude notar como ele era forte. Com um simples movimento de alavanca me jogou no meio da horda que me esperava. Nem bem caí no solo fui chutado de todas as formas em todos os lugares possíveis. Parecia que gostavam de fazer aquilo!!! E como doía!!

Pensei em me encolher, em tentar me proteger, mas era inútil. Era impossível me encolher e tentar me esconder em um canto, pois eles não deixavam. Eles se dividiam na tarefa, pois as botinadas que recebia raramente eram do mesmo agressor.

Mas havia dentre eles, alguns sujeitos mais agressivos que (seja por uma explosão de raiva, ou de adrenalina, sei lá) começavam a me chutar como se quisessem arrancar meu couro. E só paravam quando eram contidos pelos demais.

O pior de todos era um rapaz escurinho e dentuço que, apesar da sua imensa barriga, não se cansava nunca. Até que tentaram contê-lo quando viram que ele não me largava mais, mas não foi possível.

Ele se desvencilhou dos demais, e quando chegou na pequena área deu um chute certeiro em mim. Voei como uma bala de canhão. Passei raspando pelos dedos do goleiro e... 

Goooool!!!!!!!!!

domingo, 20 de abril de 2014

São Paulo em Ruínas - Antigas Instalações das IRFM

As antigas instalações das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM) estavam desabando, literalmente. Por isso eu diria que foi até perigoso entrar lá para tirar as fotos.

Mas não foi só pelo risco de alguma construção desabar sobre mim que era perigoso entrar lá. A entrada, feita por um buraco no muro, localizado na Avenida do Estado, era passagem de mendigos e eles usavam as instalações para dormir lá. Não vi quem quer que fosse, felizmente, mas estava ciente do risco de cruzar com algum mendigo ou drogado que pudesse querer me assaltar.

Lá dentro, um susto! Conforme avançava para dentro das instalações, cerca de oito cães vieram correndo e latindo até mim. Pensei que seria mordido, que teria problemas sérios. Tive sorte! Parei e, quando os cães chegaram ao meu lado, nenhum me mordeu. Fiquei uns segundo ainda parado e fui lentamente dando meia volta (lentamente para não dar a impressão de medo e assim provocar um ataque).

Era um dia bem quente, de forma que suei muito e mesmo tomando cuidado, acho que me sujei um pouco. Devo ter ficado com uma aparência ruim, pois quando cheguei na estação de São Caetano para pegar o trem de volta para casa, percebi um vigia falando para outro (meio que apontando na minha direção) "situação difícil está pra aquele ali".

São Paulo em Ruínas - IRFM

Esta foto foi tirada nas ruínas das antigas instalações das Industrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM) em São Caetano do Sul, bem na divisa com São Paulo.

Ela foi tirada como sendo uma continuação do meu projeto São Paulo em Ruínas. Sempre que eu passava de trem indo ou voltando para o ABC, eu via as ruínas da antiga IRFM e um dia entrei lá para fotografá-las.

Essas ruínas não existem mais. Em 2008 (se não me engano) grande parte das ruínas foram demolidas para dar lugar a um viaduto que liga a Avenida do Estado ao centro de São Caetano do Sul, passado por cima da via férrea.

Não sei dizer com clareza que lugar era esse. Pela disposição do lugar, parecia ser um local onde caminhões recebiam a manutenção (por isso os fossos) ou algum lugar onde de fazia o descarregamento de alguma coisa (mas na época eu não vi nenhuma tubulação ou algo do tipo).

sábado, 19 de abril de 2014

São Paulo em Ruínas - Catador de Rua

De todas as fotografias que tirei (na série sobre lugares degradados ou em ruínas) a menos inspirada de todas foi esta abaixo. Era um catador de lixo que dormia na rua, perto do Poupatempo da Luz.
Resolvi postar essa foto pois ela havia sido incluída naquele meu extinto site (hospedado no geocities). Claro que tirei mais fotos sobre o tema "São Paulo em Ruínas", mas ainda estou avaliando se posto todas elas.

São Paulo em Ruínas - Rua Santa Ifigênia

Contei no post anterior que por volta do ano 2002 comecei a tirar fotos de lugares degradados ou em ruínas (fossem na cidade de São Paulo ou outros lugares). Essa foto faz parte daquela série.

Como a foto é em preto e branco nem dá pra ver tão bem, mas esse edifício, localizado na Rua Santa Ifigênia, São Paulo, estava com a fachada bem descuidada. Não sei explicar o motivo para a falta de cuidado, só sei que olhando de fora, parecia um cortiço.

Mas isso faz mais de dez anos, talvez o prédio tenha sido reformado, ou nem exista mais. Não lembro do endereço exato, apenas lembro que fica perto da Avenida Duque de Caxias.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

São Paulo em Ruínas - Pirâmide do Piques

Hoje é sexta-feira (Santa) e como é um dia meio parado mesmo, não vou postar textos sobre música. Vou aproveitar e mudar (mais uma vez) o objetivo do meu blog, e passarei a postar fotografias também.

Em 2002 eu estava na faculdade de jornalismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Tinha grande interesse por fotografia e resolvi fazer uma série de fotos sobre São Paulo.

O interesse inicial era apenas praticar minhas habilidades e talento. Acho que em 2004, não me lembro exatamente o ano, criei um site (através do extinto geocities) onde postei muitas fotos tiradas por mim. As fotos ficaram guardadas durante anos em uma caixa, mas agora que encontrei-as, vou começar a postar. Espero que gostem.

Essa primeira foto foi tirada em julho de 2002 no Largo da Memória no centro de São Paulo e mostra o chamado Obelisco do Piques, ou Pirâmide do Piques, nome que aliás prefiro. Esse foi o primeiro monumento erguido na cidade de São Paulo, em 1814.

O monumento estava bem pichado, mas apesar de estar meio feio fotografei mesmo assim. Ao olhá-lo assim sujo, pensei em fazer uma série de fotografias mostrando lugares degradados ou abandonados. Cheguei a fazer várias fotos para a série, mas depois parei.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Baby Let Me Take You Home - II

Baby Let Me Take You Home

O interessante de criar esse blog, e pesquisar a respeito das músicas de que gosto, é a possibilidade de descobrir histórias interessantes sobre as mesmas. Esse é o caso de “Baby Let Me Take You Home” que ficou famosa através da banda The Animals. A canção, creditada a Bert Russell (também conhecido como nome de Bert Berns) e Wes Farrell, é na verdade uma adaptação de uma antiga música popular americana. Fiz uma pesquisa para descobrir a história da canção, mas, pelo que li, ela é o resultado de uma série de adaptações feitas por diversos compositores e músicos. Uma vez que não tenho à minha disposição detalhes (por exemplo: quem teria sido o autor original, quem foram todos os compositores que contribuíram com a canção e melodia e as datas), irei contar o histórico dessa composicão de forma sucinta.


Os primórdios
A origem da canção não é muito clara. Alguns estudiosos da história do Blues defendem que ela teria sido composta bem antes dos anos 1930. O que se sabe com certeza é que em janeiro de 1935 o conjunto State Street Boys gravou a música “Don’t tear my Clothes”. Apesar de essa música ter uma letra bem diferente de “Baby Let Me Take You Home”, é possível perceber que ambas tem a mesma melodia e ritmo. Nos anos seguintes, diversas versões e adaptações foram feitas na melodia e letra de “Don’t tear my Clothes”, incluindo: “Don’t tear my Clothes”  do cantor Washboard Sam (1936),


“Mama Let Me Lay It On You”  do cantor Walter Coleman (1936),


“Baby Don’t You Tear My Clothes” do grupo The Harlem Hamfats (1937) (Não achei o vídeo), “Let You Linen Hang Low” da cantora Rosetta Howard (com o grupo The Harlem Hamfats) (1937),


e “Mama Let Me Lay It On You” do cantor Blind Boy Fuller (1938).

O Folk
No final da década de 1950 (provavelmente em 1959) a canção foi adaptada por Eric von Schmidt, um guitarrista, cantor e compositor de blues que começou a se interessar por um novo estilo musical que surgia nos EUA: O Folk. Von Schmidt ouviu pela primeira vez a música através da gravação Blind Boy Fuller e decidiu fazer própria versão, que recebeu o nome de "Baby, Let Me Follow You Down". Ele próprio contou que para isso usou cerca de “três quartos” da versão de outro compositor e músico chamado Reverendo Gary Davis. De fato as versões de von Schmidt e Davis são quase idênticas. Nos primeiros anos da década de 1960, o cantor de Folk Dave Van Ronk passou a se apresentar nas casas de café de Greenwich Village (bairro boêmio de Nova York) tocando a versão de Eric von Schmidt. Em pouco tempo "Baby, Let Me Follow You Down", tornou-se uma canção obrigatória nos cafés e bares frequentados por artistas alternativos de Nova York.

Entre os jovens músicos que frequentavam a cena underground de Greenwich Village estava o (jovem e ainda desconhecido) músico Bob Dylan, que incorporou a canção ao seu repertório e gravou-a em seu álbum de estréia (Bob Dylan, gravado em novembro de 1961). Lançado em março de 1962, o disco tornou-se um dos mais influentes da história da música (e até hoje considerado um dos melhores de todos os tempos por críticos e músicos), influenciando diversos músicos dos dois lados do Atlântico e trazendo fama internacional para a canção.


The Animals
Em março de 1964, a banda inglesa The Animals lançou seu single de estréia tendo no lado A a música “Baby Let Me Take You Home” (do lado B estava “Gonna Send You Back to Walker”). No Reino Unido o single atingiu a posição número 21. Nos Estados unidos, foi o lado B que fez algum sucesso, mas mesmo assim, o single não passou da posição 57.

Como descrito anteriormente, letra da canção é creditada Bert Russell (também conhecido como nome de Bert Berns) e Wes Farrell. Não tenho informações sobre como a letra foi composta ainda, mas, comparando-se essa versão com a de Bob Dylan, pode-se ver que elas possuem versos completamente diferentes, apenas a melodia é semelhante. A versão do The Animals começa com um impressionante arpejo de guitarra (do guitarrista Hilton Valentine), possui uma seção intermediária com um longo riff de órgão elétrico (acompanhado pelo resto da banda e cantor) e termina com a música duas vezes acelerada.

A versão do The Animals para “Baby let Me Take You Home” (e também a versão deles para “House Of The Rising Sun”) acabou influenciando Bob Dylan de tal forma, que este aderiu ao uso de instrumentos elétricos em suas canções, a partir do ano de 1966. Uma decisão que causou alguma controvérsia com os “puristas” do gênero Folk (para quem a guitarra elétrica era o simbolo da indústria fonográfica e do maistream).

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Baby Let Me Take You Home - I

Baby Let Me Take You Home

Faz um tempo que não posto nenhum clipe da banda The Animals. A música de hoje é "Baby Let Me Take You Home". Um grande sucesso deles e que é uma adaptação de outra música. Em breve irei postar informações sobre a música.

Agora com vocês... The Animals!


Escolhi esse clipe do YouTube pois mostra o conjunto cantando em um programa da TV britânica (ainda não tenho informações sobre qual canal, programa dia em que foi ao ar, etc.). O endereço do vídeo é:  https://www.youtube.com/watch?v=6WXPePUo7w0

Baby, can I take you home
Baby, let me take you home
I'll love you all my life
You can bet I'll treat you right
If you'll just let me take you home
Baby, can I dance with you
Baby, can I dance with you
I'll do anything in this God-Almighty world
If you'll just let me dance with you
Baby, let I take you home
Baby, let me take you home
I'll love you all my life
You bet I'll treat you right
If you'll just let me take you home
When I saw you, baby
I couldn't ignore you
And I wanted you
For my girl
And when you said "yeah"
I just couldn't care about
Anybody else in this world alone
You smiled at me baby
And I could see my life
Planned out ahead
You took my hand and it felt so good
And this is what you said
"Baby, won't you be my man
Baby, won't you be my man"
Yes, I'll be your man
And I'll do the best I can
I want to be you man
Thats all, baby
Oh, c'mon, c'mon, baby
Baby, feel alright
Hey, baby, it's alright
So good
It's all right

domingo, 13 de abril de 2014

"Beatlelândia", Março De 1963

Havia lido esse artigo em março do ano passado, por conta dos cinquenta anos de gravação do primeiro Long Play do Beatles. Ele foi publicado no site do jornal espanhol El Mundo. Tive que fazer algumas adaptações na hora de traduzir do espanhol para o português. Espero que o resultado tenha ficado bom. O link está abaixo:

http://www.elmundo.es/elmundo/2013/03/19/cultura/1363682628.html

Beatlelândia, março de 1963

Por Julian Ruiz
Em uma sexta-feira como esta, sexta-feira 22 de março, faz exatamente 50 anos, a EMI, através de sua pequena gravadora Parlophone, lançou Please Please Me, o primeiro álbum de um grupo de Liverpool chamado The Beatles. A primeira edição apareceu apenas em mono.

Uma semana depois, a versão estéreo foi lançada. Não chegaram a prensar nem 5.000 cópias. Oito das 14 músicas contidas no álbum levavam a assinatura McCartney-Lennon. Ninguém se atrevia a tanto. Os iniciantes só gravavam versões de composições mais ou menos famosos, mas os Beatles disseram que suas composições eram poderosas.

Inicialmente, 'Sir' George Martin, o produtor e diretor musical, queria chamar o álbum de Off the Beatle Track. Até se atreveu a idéia grotesca para a capa. Nada mais e nada menos do que fotografar os quatro Beatles do lado de fora da Casa dos Insetos do Zoológico de Londres, lugar assíduo por Martin, uma vez que não estava longe de Abbey Road.

Felizmente, a capa foi resolvida com uma foto linda de Angus McBean, tirada do mezanino dos escritórios da EMI em Manchester Square (que não existem mais hoje em dia) e com os Beatles três andares acima, olhando para o chão apoiados no parapeito. Finalmente, se chamou o álbum de “Please Please Me”, porque Martin estava convencido de que este título tinha apelo comercial. O dia da apresentação do álbum, os Beatles estavam em turnê e tocaram no cinema Gaumont em Doncaster. No dia anterior tinha sido um dia infernal, já que gravaram para a BBC três de suas canções para o programa “On the Scene”. E pela primeira vez eles se sentiram como se já tivessem alcançado o sucesso. Mas quando? Como? Em que condições se gravou esse primeiro álbum uma carreira milagrosa.





Os Beatles já haviam lançado dois singles, “Love Me Do” e “Please Please Me”, com seus respectivos lados “B”, mas um long play de vinil, naqueles dias, deveria ter pelo menos 14 canções. Caso contrário, pareceria uma farsa. Pois bem, os Beatles tiveram que gravar 10 faixas em pouco mais de um dia. Foi na desagradável, fria e chuvosa segunda-feira, 11 de fevereiro de 1963. Não, não era habitual que os artistas tivessem que gravar em um só dia todo um long play, mas o ranheta “Sir” George Martin acreditou que poderiam fazê-lo para economizar alguns xelins. O produtor disse que a EMI tinha pago nada menos que 400 Libras Esterlinas pelo aluguel de 16 horas do Estúdio 2 de Abbey Road. A miséria sempre perseguiu Martin, que como diretor artístico do pequeníssimo selo Parlophone geria os orçamentos de seus artistas. Anos mais tarde, reconheceu que foi mesquinho e desprezível com os Beatles, tendo como tinha 55.000 libras de orçamento anual.



Os Beatles cobraram para o trabalho naquele dia 7 Libras e 10 xelins cada. O salário mínimo imposto pelo sindicato dos músicos. Outra miséria, já era mais do que notável que um grupo de músicos podudesse gravar 10 faixas válidas em apenas duas sessões. A primeira das 10h00 às 13h00. A segunda, das 14h30 às 17h00, que na prática terminou às 18h00 . Como o resultado não foi o suficiente, Martin exigiu que se fizesse uma terceira sessão das 19h30 até 22h45.

Os Beatles acabaram exaustos, histéricos, mas felizes porque tinham gravado 14 canções. Entre aquelas que não foram usadas no álbum, estava uma versão de “Besame Mucho”, que Paul cantava desde que se apaixonou por essa música e já havia sido exibida na “demo” para a gravadora Decca. A Decca rejeitou o talento Beatles. A piada corrente é que os Beatles viajaram em uma pequena van sem aquecimento. No domingo à noite haviam tocaram em Sunderland e parece que eles tinham de dormir no veículo. Quando chegaram às 09:30 no estúdio 2 da Abbey Road Studio, Paul Mc Cartney estava com muito frio e resfriado. O estado de John Lennon era ainda pior, com febre e congestão.

O pior foi que os Beatles deixaram para o final das sessões, justamente a música mais difícil de cantar, quando eles tinham suas gargantes destruídas. A gravação difícil era uma versão de “Twist And Shout”, uma canção que Phil Spector tinha produzido para os Top Notes dois anos antes. Os Beatles tomaram como referência a versão que os Isley Brothers tinham feito pouco depois do original.

Um John Lennon em estado febril, “cheio de pastilhas” para a garganta, chá, leite e algo mais forte, cantou duas vezes “Twist And Shout” direto. Paul sempre dizia que ele não sabia de onde John obtido forças para cantar. Tentou-se uma terceira tomada de gravação, mas John não conseguia mais. Era quase 23:00 h, e haviam cantado durante todo o dia. A versão no long play foi a primeira tomada. Ouve-se um John com uma voz aguda e rouca de roqueiro negro, talvez por seu estado febril.

Todas as músicas foram gravadas através de uma mesa de apenas quatro canais, projetada pelos mesmos engenheiros da EMI. Mas a fita, uma Série 3 de um British Tape Recorder, só admitia a gravação de dois canais. A Abbey Road usava essas fitas de duas faixas desde que foram testados durante a Segunda Guerra Mundial.

Parece que os Beatles nem sequer dormiram em Londres. Era muito caro e preferiram jantar e voltar para a estrada, porque no dia seguinte tinham duas apresentações. Uma na Arena Ballroom, em Sheffield e mais tarde no Salão Astoria, em Oldham, estivesse como estivesse a febre de John Lennon.

É impossível descrever o frescor, a beleza, o mistério divino deste primeiro álbum dos Beatles há 50 anos. Era como se os deuses se juntassem no mesmo dia para dar o primeiro sopro mágico no grupo mais impressionante em toda a história da música.


sábado, 12 de abril de 2014

A Guitarra Fender Stratocaster Faz 60 Anos Como O Maior Ícone Do Rock

Li esse artigo no site do jornal O Globo e decidi reproduzí-lo. Não é de minha autoria e o link está abaixo:

http://oglobo.globo.com/cultura/a-guitarra-fender-stratocaster-faz-60-anos-como-maior-icone-do-rock-12171494

A guitarra Fender Stratocaster faz 60 anos como o maior ícone do rock

Com design e sonoridade únicos, o instrumento foi imortalizado por superastros como Jimi Hendrix, Eric Clapton, Jeff Beck, David Gilmour, Stevie Ray Vaughan, Ritchie Blackmore e The Edge

Por Carlos Albuquerque
RIO - Nile Rodgers quase perdeu o rebolado. Em outubro do ano passado, o mitológico guitarrista do grupo disco Chic — de sucessos como “Good Times”, “Everybody Dance” e, mais recentemente, “Get Lucky”, com o Daft Punk — pegou um trem em Nova York, onde mora, rumo a Connecticut, onde tem um estúdio. No percurso, recebeu uma ligação de um amigo, que luta contra um câncer. Distraído com a conversa, quase perdeu a sua parada.

Afobado, desceu do vagão e pegou um táxi. Assim que sentou, sentiu falta de algo: havia deixado para trás sua Fender Stratocaster — a igualmente mitológica guitarra, que está completando 60 anos. O músico sentiu medo, um medo devastador. “Não consigo pensar na vida sem aquele instrumento, que me acompanhou em tantos shows e tantas gravações”, contou ele em seu blog. Desesperado, à beira de um ataque de nervos, voltou à estação e durante horas tentou, em vão, encontrar a guitarra. Até que um policial sugeriu que ele fosse ao depósito do metrô, onde são guardadas as coisas esquecidas nos trens. “E lá estava ela, ao lado de um skate, no seu estojo, intocada. Meu coração se encheu de júbilo, de alegria, de felicidade”, relatou. Rodgers tinha encontrado a guitarra que chama, carinhosa e apropriadamente, de The Hitmaker (algo como A Criadora de Hits).

A história, que repercutiu imensamente nas redes sociais, mostra o tipo de paixão que a Stratocaster desperta entre os músicos e a curiosidade que atrai no público em geral. Criado pelo americano Leo Fender em 1954, o instrumento se tornou, ao longo dos anos, o maior ícone do rock, graças ao seu uso por superastros como Jimi Hendrix, Eric Clapton, Jeff Beck, David Gilmour, Stevie Ray Vaughan, Ritchie Blackmore e The Edge, entre muitos outros.

Celebrada graças ao seu design cheio de estilo e à sua sonoridade única, a Fender Stratocaster — amada no Brasil por craques como Lulu Santos e Roberto Frejat — tem sua importância resumida numa declaração do próprio Clapton: “Se pudesse voltar no tempo e encontrar Leo Fender, diria a ele: ‘Você realmente criou algo que é insuperável’”.

— O fato de celebrarmos a importância da Stratocaster em 2014 mostra como ela venceu, brilhantemente, a barreira do tempo. Trata-se, sem dúvida, de um dos instrumentos mais marcantes da História — afirma o jornalista Tom Wheeler, ex-editor da revista “Guitar Player” e autor de um compêndio sobre o instrumento, o livro “The Stratocaster chronicles”, lançado em 2004 e em cuja apresentação Clapton deu a declaração acima. — Sua construção, seus recursos e sua sonoridade revelam um momento único de inspiração.

Mas quando foi vista pela primeira vez em público, durante uma apresentação de Buddy Holly, no programa de televisão de Ed Sullivan, em dezembro de 1957, a Fender Stratocaster parecia algo do outro mundo. Numa época em que a concorrência oferecia instrumentos que, em sua maioria, pareciam nada mais do que violões elétricos, alguns detalhes causaram espanto e até dúvida se aquilo era mesmo uma guitarra, como seu desenho único (com um recorte duplo), sem buracos, a fixação dos captadores, as tarraxas só de um lado do braço, e a alavanca de vibrato, para “torcer” as cordas.

— Até ali, todas as guitarras repetiam o formato de um violão. A Stratocaster, não. Ela causou espanto quando surgiu porque tinha uma coisa futurista, já representando toda a modernidade que o instrumento poderia trazer — conta Frejat, que tem quatro exemplares em casa. — Sua versatilidade permite que cada músico demonstre nela a sua individualidade, a sua voz. Foi por isso que ela se tornou o maior ícone do rock. Se eu só puder levar uma coisa para uma ilha deserta, levo uma Stratocaster.

E, de 1954 para cá, não faltaram individualidades ao corpo da Strato. Foi o som dela que marcou a surf music dos Beach Boys e de Dick Dale, no começo dos anos 1960. Foi empunhando uma que Bob Dylan fez sua famosa virada elétrica, no festival de Newport, em 1965. Foi com um modelo desses que Hendrix subverteu o hino americano, no festival de Woodstock, em 1969, Clapton gravou o clássico “Layla”, em 1970, e Ritchie Blackmore fez o imortal riff de “Smoke on the water”, em 1971. E, num pulo no tempo, foi com uma Stratocaster que John Frusciante, dos Red Hot Chili Peppers, brilhou em “Californication”, em 1999, e John Mayer tocou no funeral de Michael Jackson, em 2009.

— Nada foi igual ao Hendrix tocando com uma Stratocaster. Ele apontou os caminhos pelos quais todos os outros passariam - afirma Lulu Santos, que aparece com uma na capa do seu clássico álbum “O ritmo do momento”, de 1983. — É um instrumento incrível, que te dá uma grande flexibilidade.

— Comecei minha carreira tocando uma Fender Stratocaster, e o primeiro sucesso dos Titãs, “Sonífera ilha”, tem um som bastante marcante dessa guitarra — conta o músico e colunista do GLOBO Tony Bellotto. — Quando meus filhos decidiram aprender a tocar, não hesitei em presenteá-los com Stratos, pois o som delas é inigualável.

Já o guitarrista e produtor Sérgio Diab, que toca com Tony Platão, não teve dúvidas: chamou seu recém-lançado disco de estreia de “Stratoman” e no encarte faz um agradecimento a Leo Fender por criar o que chama de “fiel escudeira”.

— Não me sinto confortável com nenhuma outra guitarra. A Stratocaster é como parte do meu corpo. Ela é a minha voz — resume.