sábado, 31 de maio de 2014

São Paulo Antiga - Vale do Anhangabaú - I

Vou aproveitar que no post anterior descrevi como se deram algumas das transformações arquitetônicas sofridas pela cidade de São Paulo, e vou exibir uma nova série de fotografias com imagens antigas da capital paulista. Não sei precisar o ano em que a foto abaixo foi tirada, mas imagino que tenha sido durante a década de 1920. Na foto, é possível ver: Mais à esquerda o antigo prédio da Light (e que hoje é o Shopping Light), o antigo Viaduto do Chá (que foi demolido em 1938), o Theatro Municipal de São Paulo (mais ao centro da imagem) e o edifíco mais à direita é o antigo Hotel Esplanada.

Dos Campos Elíseos Ao Brooklyn

Escrevi esse texto cerca de 10 anos atrás para uma disciplina da ECA-USP. Estou avisando que o texto é antigo, porque alguns dos professores da FAU-USP citados abaixo já podem estar aposentados. Mas isso não deve ser um empecilho, mesmo tendo sido originalmente escrito uma década atrás, o texto é de interesse permanente, e sei que muitos irão gostar.

Dos Campos Elíseos ao Brooklyn

O Theatro Municipal, o antigo Parque Trianon, o Parque do Anhangabaú, o jardim do Museu do Ipiranga, o casarão de Dona Veridiana Prado, em Higienópolis, entre outras. São várias as construções e intervenções urbanas que revelam a influência estética francesa em São Paulo. O nome de um dos primeiros bairros residenciais das classes ricas de São Paulo, o Campos Elíseos, foi inspirado no Champs Elysées. Uma semelhança que levou Mário de Andrade a escrever: “São Paulo! Comoção de minha vida... Galicismo a berrar nos desertos da América”Durante a Primeira República, São Paulo sofreu uma profunda transformação urbana e arquitetônica, que mudou radicalmente a feição da cidade e deixou algumas de suas regiões com uma aparência quase parisiense. Essa reforma urbana foi uma consequência da riqueza advinda do ciclo econômico do café.

Nesta fotografia aparecem os antigos Palacetes Prates ao fundo e o antigo Viaduto do Chá, que foi demolido e substituído pelo atual.

Conforme a cidade crescia e ganhava importância como capital econômica do país, surgia a necessidade de um novo plano urbanístico para a cidade. Este foi implementado pelo poder público, por volta de 1890, e implicava na ordenação do traçado urbano, visando tornar as ruas da cidade mais largas, retas e uniformes. Além disso, desejava-se “re-urbanizar” São Paulo, substituindo as antigas casas térreas e sobrados de taipa da área central por edifícios mais altos, mais imponentes, construídos com materiais mais sólidos e com estilos mais europeu. Edifícios mais cosmopolitas, próximos dos padrões adotados nas mais influentes capitais do mundo, surgiram seguindo o gosto arquitetônico vigente na época: O ecletismo, que combinava diversas influências estéticas e estilos arquitetônicos.

O principal modelo para essa transformação foi Paris, que tinha acabado de passar por uma ampla reforma urbana, a maior de que se tinha notícia até então, sendo empreendida pelo Barão Haussmann (prefeito entre 1852-1871). Uma parte considerável da cidade foi demolida, as antigas ruas de traçado medieval, e estreitas, foram destruídas para dar lugar a grandes avenidas, boulevards e edificações modernas e amplas. Esses edifícios foram construídos de forma padronizada, integrando um único projeto, no qual predominava o estilo Neoclássico. A este  eram incorporadas várias outras influências daquela época e de estilos diversos, como o Normando, o Barroco, o Gótico e o Renascentista.

O Theatro Municipal de São Paulo, o Hotel Esplanada e o Vale do Anhangabaú, vistos a partir de um dos Palacetes Prates.

Uma cidade italiana
Apesar dos exemplos citados acima, diversos estudiosos e professores que lecionam História da Arquitetura discordam que a arquitetura praticada na época, em São Paulo, tivesse forte predomínio francês. Para alguns, a influência do Neoclassicismo Italiano teria sido preponderante. “Usar o termo estilo francês é complicado. Porque apesar do modelo da época ser Paris, em São Paulo há muito mais influências italianas, devido os imigrantes que aqui se instalaram. No Rio de Janeiro a influência francesa foi maior que em São Paulo”, explica a Professora Doutora Mônica Junqueira do Departamento de História da FAU-USP, que completa: "Na segunda metade do século XIX, quando Haussmann fez a reconstrução de Paris, impôs o estilo Neoclássico, inspirado nos estilos Romano e Grego. Na Grécia e na Roma, antigas, não existiam edifícios de 6 andares, ou seja, foi necessário adaptar toda uma linguagem antiga pra essa realidade. É por isso que quando se vê os edifícios antigos da Rua Líbero Badaró, aquilo lembra muito mais Paris. No pacote pronto, dada a dimensão da obra, a França é a que oferece esse modelo do século XIX, que é a adaptação dessa linguagem antiga, para uma realidade nova".

Em primeiro plano, os jardins do Vale do Anhangabaú e, mais adiante, os dois palacetes Prates, demolidos nos anos 1970.


Até os anos 30, o Vale do Anhangabaú formava o mais homogêneo conjunto arquitetônico de inspiração francesa. De um lado ficava o Theatro Municipal (em estilo Neoclássico com alguns detalhes Neobarrocos), do outro, ficavam os prédios da Rua Libero Badaró, que eram quase do mesmo estilo e gabarito (altura), e dentre eles se destacavam os dois Palacetes Prates. Esses palacetes formavam um conjunto contínuo com o Parque do Anhangabaú, cujo projeto foi elaborado por um francês, chamado Joseph Bouvard, em 1911. O melhor exemplo do ecletismo arquitetônico do período eram os palacetes localizados na região da Paulista: “A Avenida Paulista, por exemplo, era soberbamente eclética. Lá existia um edifício eclético em estilo Neoclássico tardio. Perto havia uma casa com estilo árabe, outra com estilo Fiorentino, outra Neogótico, estilo Art Noveau, e por aí vai. Você tinha esse ecletismo em Paris, mas lá havia uma predominância do estilo neoclássico, e Art Deco também”, conta o professor José Pedro Costa do Departamento de História da FAU-USP.

A nova inspiração
Da mesma forma que Paris foi o modelo de arquitetura e urbanismo, em meados do século XIX, a maioria das cidades se inspirariam em Nova Iorque quando a necessidade, ou o desejo, de verticalização apareceu no século XX. É possível ver essa influência em edifícios como o prédio do Banespa, no centro, que visualmente lembra muito o Empire State Building, principalmente se visto a partir do Parque Dom Pedro II, onde aparece inserido em um “mar” de edifícios. Na Avenida Paulista, o Conjunto Nacional também lembra um prédio nova iorquino, seja pelo formato, com um bloco vertical e outro horizontal fechando o quarteirão, seja pela relação com o espaço público-privado, que passou a ser uma característica dos prédios em Manhatann, a partir do mandato do prefeito John Lindsay.

Arranha-céus do centro de São Paulo, vistos a partir do Parque Dom Pedro II, na década de 1950.

Seguindo o exemplo de edifícios como o Rockfeller Center, uma nova legislação sobre o uso do solo e a construção de edifícios foi aprovada. Em troca da permissão para a construção de imensos arranha-céus, as construtoras eram obrigadas a criar áreas de livre circulação nos seus andares inferiores. Praças públicas surgiram no interior dos edifícios, galerias subterrâneas ligando o prédio com as ruas laterais e os metrôs se tornaram uma característica da maioria dos grandes arranha-céus da cidade, como era o caso do World Trade Center. Outras áreas da cidade de São Paulo não se parecem com Nova Iorque, visual ou arquitetonicamente, como é o caso da região da avenida Luís Carlos Berrini, no Brooklyn. “A região da Berrini tem mais a haver com Los Angeles, com a Costa Oeste dos Estados Unidos, ou Houston, no Texas. Em Nova Iorque existem edificações que muitas vezes geram um estranhamento visual, no entanto o espaço ocupado pela arquitetura não se limita à paisagem. A legislação, que ordena a construção de edifícios, impõe normas que têm em vista a qualidade do espaço da cidade. Enquanto que em Los Angeles é o contrário. Comparando (a Berrini com Los Angeles), elas têm em comum apenas a imagem. O que importa é o impacto da perspectiva exterior, instantânea, desses prédios cheios de reflexos. Em Nova Iorque há o tempo, o uso, a memória, que ajudam a construir uma sensação de fato na memória”, opina Antônio Carlos Barossi, Professor do Departamento de Projetos da FAU-USP.

Os prédios na região da Berrini, em São Paulo, dos espigões de vidro ao aço inox da Costa Oeste dos Estados Unidos, ou as torres do Sudeste Asiático, estão todas em regiões fortemente ligadas à empresas, principalmente multinacionais. Nesse caso, esses edifícios estariam ligados a uma arquitetura internacionalizada, impessoal, que alguns arquitetos chamam de cidades Mundiais. Se no final do século XIX e início do século XX já existiam queixas de que todas as cidades estavam começando a se parecer umas às outras, no século XX a variedade no aspecto das cidades ficou menor ainda, sobretudo nos novos projetos coletivos de moradia e grandes edifícios de escritórios. Os mesmos materiais, técnicas de construção e estilos acabaram sendo empregados em regiões muito diferentes do mundo. As características de estilos regionais foram abandonadas pela crescente homogeneização estética, enquanto as expectativas dos consumidores tornam-se cada vez mais determinadas (nacional e mesmo internacionalmente) por produtos industriais padronizados. Isto é exacerbado pela especulação, que estimula uma certa padronização de gosto (ou mau gosto) que lhe é conveniente.

Imagem retirada da wikipedia, mostrando a praça entre os edifícios que compõem o Rockfeller Center.

Um novo ecletismo
Uma crítica interessante diz respeito a alguns fenômenos que estão acontecendo em São Paulo, em particular com os prédios de estilo Neoclássico, que são um fenômeno exclusivamente paulistano e que os empresários gostam, ou que os corretores impõem. Isso não é arquitetura, é imagem, rebatem os críticos. Muitos destes prédios feitos com painéis de alumínio, vidro, aço inox ou pré-fabricados são, do ponto de vista da produção, modernos, mas esses elementos são usados apenas para construir uma imagem. Essa diversidade é uma característica do momento vigente, como foi no final do século XIX, mas que não foi característica de meados do século XX, em que predominou a arquitetura moderna. Um tempo que se caracterizava pelo uso do concreto aparente, pela unidade de conceito, de uso de materiais e técnicas, e no qual a solução estrutural usada era determinante para o resultado arquitetônico.

“Talvez, fazendo uma aproximação dessa arquitetura do final do século XX (e começo do século XXI) com o final do século XIX (e início do século XX), seja o justamente um (tipo de) ecletismo. Uma diversidade de opções. A arquitetura eclética, que era inspirada nos modelos Clássicos, Medievais, Renascentistas, tudo simultaneamente, é uma característica do século XIX, em que tudo era válido (em termos arquitetônicos)”, analisa a professora Mônica Junqueira. “Hoje temos um novo ecletismo, prédios com pele de vidro, high-tec, fachadas neoclássicas (como os edifícios da Faria Lima). Isso tem uma proximidade. Embora de estilos arquitetônicos completamente diferentes, essa condição de busca de novas alternativas, com um leque de possibilidades muito grandes, são característicos desses dois finais de século”.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

That'll Be The Day - II

That'll Be The Day

Composição
“That’ll Be the Day” é um dos primeiros clássicos do Rock And Roll, e foi composta por Buddy Holly e Jerry Allison. Desde que havia visto uma apresentação de Elvis Presley em sua cidade natal (Lubbock, Texas), no ano de 1955, Holly tentava escrever uma canção de sucesso para seu pequeno grupo Rock (Rockabilly). Sua banda na época consistia nele (Holly) na liderança vocais e guitarra, Jerry Allison na bateria e Joe B. Maudlin no contra-baixo. Holly, Jerry e um amigo chamado Sonny Curtis, que também era músico, foram ao cinema assistir “The Searchers”. No filme, John Wayne volta e meia repetia a frase That’ll be the day” (Esse vai ser o dia) cada vez que outro ator previa algo improvável. Algum tempo depois, Holly falou para Allison que “seria bom se eles pudessem gravar uma música de sucesso”. Allison respondeu com: "Esse vai ser o dia!". A partir daquilo, os dois decidiram compor uma canção a partir da frase.

Em meados de 1956, Holly e sua banda The Three Tunes gravaram uma primeira versão da canção pelo selo Decca, em Nashville (Tennessee). Mas a gravadora não gostou do resultado e se recusou a lançar a música. Holly e sua banda decidiram então procurar um novo produtor musical, chamado Normam Petty. Em 25 de fevereiro de 1957, Holly gravou uma segunda versão da canção com sua banda, agora sob o nome de The Crickets, nos estúdios Norman Petty, em Clovis (Novo México).



Em 27 de maio de 1957, a canção foi lançada com grande sucesso pelo selo Brunswick, e Buddy Holly tornou-se a estrela do Rock daquele verão. Acontece que Holly tinha um contrato assinado com a Decca Records proibindo-o de regravar as canções, registradas naquela gravadora, sob outro selo. Para evitar um processo legal, “That’ll Be The Day” foi relançada como sendo uma canção da banda The Crickets, e a autoria da canção, bem como os royalties, foram divididos entre Holly, Alisson e Petty.

Ironicamente, a Brunswick era uma subsidiária da Decca Records. Diante do sucesso obtido pela canção, a Decca lançou um single com "That'll Be The Day". Além disso, assinou um novo contrato com Holly, deslocando-o para outra de suas subsidiárias, a Coral Records. Dessa forma Holly ficou com dois contratos. Suas gravações com a banda The Crickets seriam lançadas pela Brunswick, e suas gravaçoes solo seriam lançadas pela Coral.

Covers e versões
Esta foi a primeira canção de John Lennon aprendeu a tocar na guitarra. O cover do Quarrymen (o primeiro nome adotado pelos Beatles) foi gravado na primavera de 1958 como uma demo.


Outros artistas que gravaram a canção.
The Everly Brothers, 1965:


Linda Ronstadt, 1976:

quinta-feira, 29 de maio de 2014

That'll Be The Day - I

That'll Be The Day

Agora com vocês uma canção dos primeiros anos do Rock And Roll, na voz de um de seus pioneiros, Buddy Holly. Infelizmente ele morreu em um trágico acidente de avião em 3 de fevereiro de 1959. Com ele estavam os cantores Ritchie Valens e J. P "The Big Popper" Richardson, além do piloto Roger Peterson. Uma perda tão grande, que alguns se referem ao acidente como sendo "O Dia Que A Música Morreu".

Em outro dia falo sofre esse evento. Agora com vocês... Buddy Holly and The Crickets


Tentei achar algum vídeo com Buddy Holly e sua banda, The Crickets, tocando ao vivo ou em algum programa de televisão. Infelizmente as poucas imagens disponíveis eram ruins ou o audio era sofrível, por isso escolhi esse vídeo. O endereço é: https://www.youtube.com/watch?v=tmUd3MXmW38

Well that'll be the day when you say goodbye
Yeah, yes that'll be the day when you make me cry
You say you're gonna leave me, you know it's a lie
'Cause that'll be the day when I die
Well that'll be the day when you say goodbye
that'll be the day when you make me cry
you say you're gonna leave me, you know it's a lie
'Cause that'll be the day that I die
Well, you gave me all your loving
And all your turtle doving
All your hugs and kisses
And your money too,
You know I love you baby
Still you tell me maybe
That someday, well
I'll be through
Well, that'll be the day when you say goodbye
Yeah, yes, that'll be the day when you make me cry
You say you're gonna leave me, you know it's a lie
'Cause that'll be the day when I die
when cupid shot his dart
He shot it at your heart
So if we'll ever part
And I'll leave you
You kiss and hold me
And you tell me boldly
That some day well
I'll be through
Well, that'll be the day when you say goodbye
that'll be the day when you make me cry
You say you're gonna leave, you know it's a lie
 'Cause that'll be the day when I die
Well, that'll be the day
Well, that'll be the day
Well, that'll be the day
Well, that'll be the day when I die

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Prêmio Pulitzer De Fotografia: Ano 1942

Como os leitores do meu blog já perceberam, além de música, também gosto de fotografia. Já postei fotos tiradas por mim e também por fotógrafos profissionais. A partir de hoje, irei postar um nova série de fotográfica. Dessa vez, serão as fotografias vencedoras do Prêmio Pulitzer, o mais importante prêmio jornalístico dos Estados Unidos.

Irei postar cada uma das fotos vencedoras aos poucos, sem uma periodicidade definida, mas pela ordem. Sempre que possível irei também contar as histórias por trás de cada fotografia (contexto em que foi tirada, autor da foto, como foi tirada, a repercussão, etc), como nem sempre poderei ter todas as informações a minha disposição na hora em que postar, pode ser que eu reveja os textos, acrescentando ou corrigindo informações.

Prêmio Pulitzer de 1942: Categoria Fotografia

Vencedor: Milton E. Brooks, do periódico Detroit News

Título: "Ford Strikers Riot" ("Tumulto entre grevistas da Ford")

Câmera: 4X5 Speed Graphic

Lente: Desconhecido

Velocidade E Abertura Do Obturador: Desconhecido

Filme: Kodak

A fotografia original é um pouco maior, mas esta é a única imagem bem nítida que encontrei na internet.

A Ford Motor Company foi a última montadora norte americana a permitir que seus funcionários se sindicalizassem. Em abril de 1941, o chefe da segurança da empresa, Harry Bennett, supostamente deu ordens para abrir fogo contra sindicalistas que faziam piquete na porta da montadora. Alguns autores sugerem que a greve seria na verdade um movimento planejado por comunistas, que tinham infiltrado grande número de trabalhadores ligados ao partido dentro da Ford. A montadora pagava salários mais altos do que os suas concorrentes, contratava empregados negros sem fazer quaisquer discriminação e foi inovadora em conceder compensações monetárias em caso de aumento de produtividade.

Os empregados negros, que apreciavam a igualdade de oportunidades dentro da empresa, e outros funcionários que permaneciam leais a Ford mantiveram-se no interior da montadora, enquanto que do lado de fora ocorriam batalhas campais com tacos de beisebol. Apesar das demandas sindicais, a greve adquiriu ares de conflito racial. Muitos empregados brancos não gostavam de ver negros ganhando o mesmo que eles, nem gostaram de saber que estes não apoiavam a greve. Quando os trabalhadores chegavam para a mudança de turno, encontravam as entradas bloqueadas. Os poucos que insistiam em entrar eram cercados e espancados. Um bloqueio com automóveis virados foi erguido, e instalações da montadora foram sabotadas e danificadas.

Dez dias depois, Henry Ford capitulou, a pedido de sua esposa Clara Ford, e fez concessões para as demandas sindicais. Ele concordou que a Ford Motor Co. seria uma "empresa fechada", ou seja, todos os funcionários teriam de ser sindicalizados, e que permitiria a contribuição sindical, dinheiro que seria deduzido da folha de pagamento e enviado diretamente para o governo.

Na fotografia tirada por Milton Brooks, aparecem diversos piqueteiros dando socos, e batendo com um bastão de beisebol, em um fura-greve, que está tentando proteger-se cobrindo a cabeça. Sobre a fotografia, Brooks comentou: "Eu tirei a foto rapidamente, escondi a câmera debaixo do meu casaco e sumi no meio da multidão. Muita gente teria gostado de destruir essa imagem. "

terça-feira, 27 de maio de 2014

Chapeuzinho Vermelho E As Manchetes

O texto abaixo foi retirado de um e-mail que recebi onze anos atrás. Ele faz piada com a forma como diferentes veículos de comunicação dão a mesma notícia. É interessante ver que, passados tantos anos, alguns jornalistas ainda estão na ativa, certos programas de televisão e demais veículos de comunicação ainda existem, enquanto outros deixaram de existir. Bom divertimento.
Como seria a história da Chapeuzinho Vermelho nas manchetes dos principais telejornais, jornais e revistas: 

JORNAL NACIONAL
(Willian Bonner): "Boa noite. Uma menina de 7 anos foi devorada por um lobo na noite de ontem..." 
(Fátima Bernardes): "... mas graças à rápida atuação de um caçador não houve uma tragédia." 

FANTÁSTICO 
(Glória Maria): "... que gracinha, gente. Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo...?" 

CIDADE ALERTA 
(Luis Datena): "... onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades?! A menina ia para a casa da avozinha a pé! Cadê o  transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva... Um  lobo, um lobo safado. Põe na tela!! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de  lobo, não tenho medo de lobo mau não." 

SHOW DO RATINHO
(Ratinho): "Senhor Lobo, você aceita fazer um teste de DNA pra provar que o filho não é seu?"

PÂNICO NA TV
(Emílio Surita): "... o Pânico de hoje está demais! Não é Bola?"
(Bola): "É sim! Confiram o naipe das atrações de hoje: Sílvio e Vesgolino vão tentar fazer o lobo vestir as sandálias da humildade; No "A Múmia quer saber": Vocês vão ver qual caçador abre mais lobos em menos tempo."

CLÁUDIA
"Como chegar na casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho." 

NOVA
"Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama." 

MARIE-CLAIRE
"Na cama com um lobo e a própria avó, relato de quem passou por essa experiência." 

CAPRICHO 
"Esse Lobo é um Gato!" 

CARAS (ensaio fotográfico) 
"Na banheira de hidromassagem na cabana da avozinha, em Campos do Jordão, Chapéuzinho reflete sobre os acontecimentos: Até ser devorada, eu não dava valor para muitas coisas da vida, hoje sou outra pessoa, admite." 

SUPERINTERESSANTE
"Lobos! Como a ciência explica a agressividade deles." (a matéria se resume a um infográfico de duas páginas e, nos cantos da ilustração, existem pequenos boxes informando coisas como: os lobos usam os dentes pra atacar suas vítimas, mas só fazem quando tem fome, medo...).

TRIP
"Devorada por um lobo. Uma experiência radical!"

JORNAL DO BRASIL (RJ)
"Floresta: Garota é atacada por lobo." (na matéria, a gente não fica sabendo quem foi atacada, onde ocorreu o ataque, quando foi, nem mais detalhes).

O GLOBO (RJ)
"Retirada Viva da Barriga de um Lobo." (na matéria terá até mapa da região. O salvamento é mais importante que o ataque).

FOLHA DE S. PAULO (SP)
Legenda da foto: "Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador." (na matéria tem um box com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador).

O ESTADO DE S. PAULO (SP)
"Lobo que devorou Chapeuzinho seria afiliado ao PT." 

NOTÍCIAS POPULARES/ AGORA (SP)
"Sangue e tragédia na casa da vovó." 

ZERO HORA (RS)
"Avó de Chapeuzinho nasceu no Rio Grande do Sul e é Colorada."

CORREIO BRAZILIENSE (DF)
"Governo assina MP proibindo ataques de lobos contra crianças de assentamentos do MST."

VEJA 
"... fulano de tal, 23, o lenhador que retirou Chapeuzinho da barriga do lobo tem sido considerado um herói na região. O lobo estava dormindo, acho que não foi tão perigoso assim, admite."

ISTO É 
"Gravações revelam que lobo foi assessor de influente político." 

PLAYBOY 
"Veja o que só o lobo viu." (ensaio fotográfico com Chapeuzinho no mês do escândalo).

SEXY
"Essa garota matou o lobo!!!" (ensaio fotográfico com Chapeuzinho um ano depois do escândalo).

G Magazine
"Lenhador mostra o machado." (ensaio fotográfico com lenhador).

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Heartbreak Hotel - II

Heartbreak Hotel

Origem
A canção “Heartbreak Hotel” foi escrita em 1955 por Mae Boren Axton, uma professora do ensino médio/colegial com alguma experiência no ramo musical, e Tommy Durden, um cantor e guitarrista profissional. A letra foi baseada em uma notícia veiculada pelo jornal “The Miami Herald” sobre o suicídio de um homem que, antes de pular pela janela de seu quarto de hotel, havia destruído seus documentos de identidade e deixado um bilhete onde estava escrito: “Eu ando por uma rua solitária”.

Axton e Durden dão versões diferentes de como a música foi escrita. Durden diz que ele já tinha escrito a música, e tocado com sua banda Swing Billys, antes que Axton fizesse modificações. Axton, por sua vez, conta que Durden só tinha escrito alguns versos da letra, e pediu-lhe ajuda para terminar. Ela disse para Durden: "Todo mundo tem alguém que se importa. Vamos colocar um Heartbreak Hotel no final desta rua solitária". Um músico chamado Glen Reeves, que já havia trabalhado com Axton, chegou a ser convidado para ajudar na composição, mas quando ele ouviu alguns versos da canção, disse que era a “coisa mais ridícula que já tinha ouvido, e recusou o convite. A canção foi finalizada em uma hora e Durden usou o gravador de Axton para fazer uma “demo”.

A canção foi oferecida para alguns artistas, mas todos recusaram por achar a letra estranha, quase mórbida. Com auxílio de um dono de editora, Axton conseguiu apresentar a canção para Elvis Presley durante a Convenção Anual de Disc Jockey de Música Country, ocorrida na cidade de Nashville, Tennessee, em 9 de novembro de 1955. Presley gostou da composição e resolveu gravá-lo. Antes, o agente de Presley, o famoso Coronel Tom Parker garantiu por contrato que os royalties da canção seriam dividos entre Presley, Durden e Axton. Durden não se incomodou com isso, como ele próprio contou em uma entrevista de 1982: “Esta canção pagou o (meu) aluguel por mais de 20 anos."

Nesta publicação inglesa da época, vê-se que Elvis Presley aparece como co-autor de "Heartbreak Hotel".

Gravação
Por essa época, vinham ocorrendo rumores de que Presley ia deixar a Sun Records, onde havia começado a carreira, e iria assinar com a RCA Victor, uma gravadora maior, que poderia dar mais visibilidade e impulsionar sua carreira. O contrato com a RCA Victor acabou sendo assinado em 21 de novembro. Em 9 de dezembro, Presley cantou pela primeira vez “Heartbreak Hotel” durante um show na cidade de Swifton, Arkansas, e declarou para o público que esta canção seria seu primeiro grande sucesso.

A gravação em estúdio ocorreu em 10 de janeiro de 1956, e contou com a participação da banda de apoio de Elvis Presley, The Blue Moon Boys, assim como músicos da RCA Victor, como o guitarrista Chet Atkins e o pianista Floyd Cramer. Somente após exaustivas sessões foi possivel chegar ao resultado sonoro desejado. O primeiro problema era que Elvis Presley não conseguia cantar parado, ele se mexia demais enquanto cantava, e foi necessário fazer uso de vários microfones para captar o som de sua voz com nitidez.

Outro problema era a obtenção do efeito sonoro adequado. O produtor da RCA responsável pela gravação não sabia que o dono da Sun Records, Sam Phillips, usava até dois gravadores de fita e um ligeiro atraso de tempo para criar os efeitos sonoros adequados. A saída acabou sendo deixar Elvis Presley assumir maior controle como produtor de suas próprias canções.


"Heartbreak Hotel" foi lançada como single no dia 27 de Janeiro de 1956, tendo no lado B "I Was The One", que também foi gravada durante as primeiras sessões na RCA Victor. "Heartbreak Hotel" liderou a parada de sucessos da Billboard 100 durante sete semanas e vendeu um milhão de cópias, tornando-se um dos singles mais vendidos de 1956. 

Versões e covers
“Heartbreak Hotel" foi regravada por vários astros de Rock, Pop e demais estilos musicais, incluindo:
The Cadets:

Delaney Bramlett, em 1965:

Bruce Springsteen, em 1978:
https://www.youtube.com/watch?v=Domu1pQFCcA

Willie Nelson e Leon Russell que, em 1979, lideraram a parada de sucessos americana:

Guns And Roses, 1986:

domingo, 25 de maio de 2014

Heartbreak Hotel - I

Heartbreak Hotel

Depois do sucesso da postagem anterior, resolvi repetir a dose e exibir mais uma música de grande sucesso de Elvis Presley. "Heartbreak Hotel" foi a primeira das canções do Rei do Rock a alcançar a primeira colocação nas paradas de sucesso americanas.

Agora com vocês... Elvis Presley
 

Tentei achar no Yotube alguma apresentação de Elvis Presley cantando ao vivo ou na televisão da época, mesmo com playback, mas todos os vídeos achados ou tinham péssima imagem e som, ou eram montagens, então optei pelo vídeo acima. o Endereço é: https://www.youtube.com/watch?v=PotB76gi2_4
 
Well, since my baby left me
Well, I found a new place to dwell
Well, it's down at the end of Lonely Street
At Heartbreak Hotel
Well, I'll be
I'll be so lonely baby
Well, I'm so lonely
I'll be so lonely, I could die
Oh, although it's always crowded
You still can find some room
For broken hearted lovers
To cry there in their gloom
They'll be so
They'll be so lonely, baby
Well, they're so lonely
They're so lonely, they could die
Now, the bell hop's tears keep flowin'
And the desk clerk's dressed in black
Well, they been so long on Lonely Street
They'll never ever look back
And it's so
Well, it's so lonely baby
Well, they're so lonely
Well, they're so lonely, they could've die
Well, if your baby leaves you
You got a tale to tell
Well, just take a walk down Lonely Street
To Heartbreak Hotel
Where you will be
You'll be so lonely, baby
Well you'll be lonely
You'll be so lonely you could die
Oh, although it's always crowded
You still can find some room
For broken hearted lovers
To cry there in their gloom
They've been so
They're be so lonely, baby
Well, they're so lonely
They'll be so lonely, they could die

sábado, 24 de maio de 2014

Don't Be Cruel - II

Don’t Be Cruel

Composição“Don’t Be Cruel” foi escrita em 1956 por Otis Blackwell, um compositor e cantor responsável pela criação de alguns dos maiores sucessos de Elvis Presley, como "Return to Sender", "All Shook Up" entre outros. Segundo o discotecário e historiador musical Ron Foster, na véspera do Natal de 1955, Blackwell estava na rua em frente ao Edifício Brill (endereço de muitos escritórios de compositores e agentes musicais), em Nova York. As coisas não estavam indo bem para ele - estava chovendo, havia furos nas solas de seus sapatos e ele passava frio. Seu amigo Leroy Kirkland passou e perguntou se Blackwell tinha novas composições. Ele disse que sim e, ao longo da semana, conseguiu vender 6 delas para uma editora por 25 dólares cada. Os agentes musicais no Edifício Brill gostaram tanto de seu trabalho que ofereceram-lhe um emprego como compositor em tempo integral, e Blackwell aceitou.

Algum tempo depois, ele recebeu uma proposta de uma estrela do Rock And Roll em ascenção. O acordo era dividir em meia a meio os direitos autorais da gravação entre o cantor e o compositor. Blackwell inicialmente recusou, afirmando que não abriria mão de metade do que era seu, mas seus amigos o convenceram de que metade de alguma coisa era melhor do que 100% de nada. Além disso, este novo cantor era o único capaz de fazer a música estourar na parada de sucessos, e se isso ocorresse, o lucro de Blackwell com metade de seus royalties seria tremendo. Blackwell por fim concordou. O cantor era Elvis Presley, mas não era ele que queria metade da dos royalties, e sim seu empresário, o Coronel Tom Parker.

Gravação
Presley gravou a canção em 2 de julho de 1956, durante uma exaustiva sessão de gravação nos estúdios da RCA em Nova York. Na mesma sessão ele também gravou "Hound Dog" e "Any You Want Me". A canção contou com banda normal de Elvis Presley de Scotty Moore na guitarra (com Presley geralmente fornecendo guitarra) , Bill Black no baixo, DJ Fontana na bateria e backing vocals dos Jordanaires . O crédito a produção foi dado a RCA Steve Sholes , embora as gravações de estúdio revelam que Presley produziu as canções nesta sessão, selecionando a canção, refazer o arranjo no piano, e insistindo em fazer 28 takes, antes de se dar por satisfeito. Ele também realizou 31 takes para "Hound Dog".


Lançamento
Um single foi lançado em 13 de julho de 1956 com “Don’t Be Cruel” no lado A e "Hound Dog" no lado B. É o único single na história a ter as duas músicas chegando a posição número 1 na parada de sucessos americana. Segundo Joel Whitburn, que escreve livros sobre a música americana, “Hound Dog” foi o primeiro título a ser listado como número 1. A lista dos “Mais Vendidos em Lojas” da Billboard listou a canção em primeiro lugar no dia 18/8/56 como sendo "Hound Dog/Don 't Be Cruel". A mesma forma como alcançou a posição número 1 da categoria “Mais tocadas em juke boxes” no dia 1/9/56. Não há dúvidas de que as vendas e audições iniciais foram para “Hound Dog”. Mas lista de “Músicas mais executadas por disc-jóqueis” indicam “Don’t Be Cruel” como sendo a número 1. Até o fim de 1956, o single vendeu mais de quatro milhões de cópias.

Presley cantou "Don’t Be Cruel” em suas três de suas aparições no programa “The Ed Sullivan Show”, realizadas entre setembro de 1956 e janeiro 1957. Apesar de lançado em single em 1956, somente em 1958 a canção foi lançada em um álbum, Elvis Golden Records.

Outras versões
Diversos cantores gravaram “Don’t Be Cruel”, a lista é enorme, então vou exibir as versões mais interessantes.
Connie Francis, gravação de 1959:


Barbara Lynn (1963). Obs: O vídeo original foi suprimido e tive que improvisar com este abaixo.


Jerry Lee Lewis gravou a música duas vezes. A versão abaixo é de 1963, e é, após a versão de Elvis Presley, a minha favorita: Não consigo anexar o vídeo, não sei explicar o motivo.

A versão abaixo foi gravada em 1972: Não consigo anexar o vídeo, não sei explicar o motivo.

A versão de Cheap Trick foi gravada em 1987 e lançada no álbum Lap of Luxury. Fez grande sucesso, alcançando a posição número 4 na parada americana.


Por fim, esta versão, da dupla de cantoras Country conhecidas como The Judds, que chegou a posição número 10 na parada americana em 1987.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Don't Be Cruel - I

Don't Be Cruel

Minha intenção com este blog era postar apenas músicas de grupos dos 60, mas eu comecei a abrir algumas exceções exibindo versões gravadas em outras décadas. Então vou subverter a regra, informal, que eu mesmo criei e vou postar um clássico do Rock And Roll. A música de hoje é "Don't Be Cruel", gravado em 1956.

Agora com vocês, o verdadeiro Rei do Rock... Elvis Presley!


O vídeo escolhido é de uma apresentação do cantor no programa "The Ed Sullivan Show" no ano de 1956. A qualidade da imagem não é muito boa, e não tenho certeza se houve playback, mas o vídeo vale a pena ser visto por mostrar Elvis se apresentando.

You know I can be found,
Sitting home all alone,
If you can't come around,
At least please telephone.
Don't be cruel to a heart that's true.
Baby, if I made you mad
For something I might have said,
Please, let's forget the past,
The future looks bright ahead,
Don't be cruel to a heart that's true.
I don't want no other love,
Baby it's just you I'm thinking of.
Don't stop thinking of me,
Don't make me feel this way,
Come on over here and love me,
You know what I want you to say.
Don't be cruel to a heart that's true.
Why should we be apart?
I really love you baby, cross my heart.
Let's walk up to the preacher
And let us say I do,
Then you'll know you'll have me,
And I'll know that I'll have you,
Don't be cruel to a heart that's true.
I don't want no other love,
Baby it's just you I'm thinking of.
Don't be cruel to a heart that's true.
Don't be cruel to a heart that's true.
I don't want no other love,
Baby it's just you I'm thinking of.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Detroit Em Ruínas - II

Algum tempo atrás, vi esse post (que reproduzo abaixo) de autoria blog do jornalista Ricardo Setti. O tema das fotos chamou minha atenção, pois trabalha com imagens de edifícios e outras construções em ruínas, e decidi reproduzí-las. Para não perder tempo pensando em um texto diferente daquele escrito pelo Ricardo Setti, pedi e consegui autorização para reproduzir a matéria. As fotos exibidas são do fotógrafo Camilo José Vergara. O link para o site do fotógrafo é: http://camilojosevergara.com

Quero avisar que não reproduzi todas as fotos que aparecem no post original. Fiz isso para que o meu post não fique muito extenso. O link para o post original do Ricardo Setti: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/vasto-mundo/fotos-a-decadencia-de-detroit-parte-ii-agora-em-registros-noturnos/

FOTOS: A decadência de Detroit, Parte II: Agora em registros noturnos

Vista da Temple Street, a partir da Cass Avenue: parece um cenário de
guerra, mas é apenas Detroit à noite (Fotos: Camilo José Vergara)

Neste post, publicado em julho do ano passado, repassamos a decadência da falida Detroit, nos Estados Unidos, por meio de fotografias de uma exposição do canadense Philip Jairmain, ocorrida em galeria de San Francisco. A mostra privilegiava os edifícios que um dia foram importantes na cidade.

Agora voltamos ao assunto, novamente com a ajuda de um fotógrafo, para visitar uma ainda mais desoladora e sombria faceta, a noturna e periférica, da ex-Motor City, a metrópole que se tornou sinônimo de indústria automobilística na primeira metade do século XX:

Nascido em 1944 no Chile, mas residente nos EUA há décadas, o escritor, fotógrafo e documentarista Camilo José Vergara se dedica a, entre outras coisas, registrar a precariedade dos bairros mais pobres do país desde o início dos anos 1970.

Tal enfoque rendeu livros como American Ruins (Tradução: “Ruínas Americanas”). Em muitos casos, estas áreas também são conhecidas por reunirem as várias minorias étnicas que compõem a sociedade americana.

A relação fotográfica de Vergara com Detroit começou há 25 anos.

E mais recentemente, em 2013, gerou By Night in Motor City, o ensaio tema deste post, originalmente publicado pelo site da revista americana Time, formado por fotografias feitas na cidade à noite, em locais parcial ou totalmente abandonados.

“O mais notável é o horripilante vazio da cidade”, diz o autor. “Eu vi uma sombra escura e imaginei ser um enorme animal. Mas era um indigente, com sua barriga exposta”. Ainda segundo Vergara, as poucas pessoas que encontrou pela rua pareciam vagar sem rumo. “Ei cara, por que você está tirando fotos?”, lhe perguntou uma delas.

Confiram: