sexta-feira, 10 de abril de 2015

Prêmio Pulitzer De Fotografia: Ano 1947

Ano passado iniciei uma série com as fotografias vencedoras do Prêmio Pulitzer. Estou retomando a sequência daquelas postagens, e hoje vou escrever sobre o ganhador do prêmio de fotografia de 1947. Sempre que possível irei também contar as histórias por trás de cada fotografia (contexto em que foi tirada, autor da foto, como foi tirada, a repercussão, etc), como nem sempre poderei ter todas as informações a minha disposição na hora em que postar, pode ser que eu reveja os textos, acrescentando ou corrigindo informações. 

Um aviso importante para aqueles que estão acompanhando a série: O prêmio de fotografia de 1946 não teve ganhador. Não sei explicar o motivo.

Prêmio Pulitzer de 1947: Categoria Fotografia

Vencedor: Arnold Hardy, fotógrafo amador de Atlanta (estado da Georgia). Fotografia distribuída pela Associated Press

Título: “Woman Leaping From Burning Winecoff Hotel” (“Mulher Salta Do Hotel Winecoff Em Chamas”)

Câmera: 4X5 Speed Graphic

Lente: Desconhecido

Velocidade E Abertura Do Obturador: Desconhecido

Filme: Kodak



Nas primeiras horas do dia 7 de dezembro de1946, o Hotel Winecoff, localizado na cidade de Atlanta, foi cenário do mais grave incêndio em um hotel da história dos Estados Unidos. Das mais de 300 pessoas que estavam dentro do estabelecimento, entre funcionários, hóspedes e moradores, apenas 120 conseguiram sair ilesas, 65 ficaram feridas e 119 pessoas morreram.
O Hotel Winecoff na época de sua inauguração

O Hotel Winecoff, um dos mais altos edifícios de Atlanta, foi inaugurado em 1913 como sendo “à prova de fogo”, como mostra o anúncio abaixo, mesmo não possuindo portas corta fogo e escadas de emergência. O incêndio começou no corredor oeste do terceiro andar, próximo da escada para o andar superior. Ninguém sabe explicar direito como o incêndio começou, mas, apartir do testemunho de alguns hóspedes, suspeitasse que um colchão deixado no corredor possa ter sido a origem do fogo. Não se sabe como o colchão teria pegado fogo, e nem se o incêndio foi acidental ou criminoso.

Apesar de o fogo ter sido detectado às 3h15, por um mensageiro que foi até o quinto andar e ficou preso lá, os bombeiros só foram avisados às 3h45. Apesar de terem chegado ao local do incêndio em menos de um minuto, o fogo já havia se espalhado por todo o edifício. O trabalho dos bombeiros acabou prejudicado pelos corpos caídos na calçada, dificultando a aproximação dos caminhões com escada, e pela queda de pessoas que tentavam escapar das chamas e atingiam os grupos de combate a incêndio. O Corpo de Bombeiros Atlanta reuniu centenas de bombeiros da cidade e dos arredores, mais de 22 viaturas de combate a incêndio e 11 caminhões com escada.
Fotografia do incêndio, não sei dizer se esta também foi tirada por Arnold Hardy

Por duas horas e meia, os bombeiros lutaram valentemente no frio para salvar os hóspedes, mas suas escadas atingiu apenas o oitavo andar, e as redes de segurança não eram fortes o suficiente para suportar a queda das pessoas que se lançavam a mais de 20 metros de altura. Alguns hóspedes tentavam descer usando cordas improvisadas com lençois e cobertores para tentar chegar às escadas, enquanto que outros caiam nos beco atrás do hotel, tentando pular para o prédio vizinho.
Fotografia do incêndio, não sei dizer se esta também foi tirada por Arnold Hardy

Entre os 119 mortos estavam o proprietário do hotel, o Sr. William Fleming Winecoff, 76 anos, e sua esposa, Grace S. Winecoff, 76 anos. Os corpos foram encontrados em sua suíte no 14º andar. Também morreram trinta alunos do ensino médio que tinham vindo para Atlanta para participar de uma Assembleia da Associação Cristã de Moços (YMCA) no Capitólio Estadual.
Documento da Prefeitura de Atlanta Discriminando as vítimas por sexo e faixa etária.

O incêndio no Winecoff foi o último, e o mais mortal, de uma série de incêndios em hoteis nos EUA naquele ano. Em poucos dias, cidades por todo o país passaram a promulgar leis mais rigorosas para garantir a segurança desses estabelecimentos e de edifícios em geral. O fato de que o incêndio no Winecoff permanece sendo o mais mortal da história americana mesmo tendo se passado quase 70 anos, prova que as novas legislações cumpriram seu papel em evitar novas tragédias.

O fotógrafo
Na noite do incêndio, o estudante de pós graduação da Georgia Tech, Arnold Hardy, de 26 anos, ficou até tarde em seu laboratório da universiade. Quando saiu às 4:00 ouviu as sirenes dos bombeiros, ele pegou sua câmera SpeedGraphic, cinco flashes se dirigiu rapidamente para o local do incêndio. Hardy tirou algumas fotos da frente do prédio e os rostos dos hóspedes nas janelas. Quando lhe restou apenas um flash, decidiu esperar para tirar uma foto com algum hóspede caindo. Quando notou o corpo de uma mulher de cabelos escuros em queda na altura do terceiro andar, ele fotografou a cena sem perda de tempo.

Após tirar a foto, Hardy notou um policial e um bombeiro discutindo com o dono de uma farmácia para que este cedesse suprimentos médicos. Diante da recusa do dono do estabelecimento, Hardy decidiu arrombar a porta a porta com um chute e acabou preso por depredação. Ao ser libertado, sob fiança, horas depois, ele levou sua câmera para revelar o filme e procurou a agência da Associated Press para negociar as fotos. A AP lhe ofereceu 150 dólares pelos direitos exclusivos de suas fotos. Ele negociou e conseguiu 300 dólares. A fotografia da mulher caindo foi reimpressa em todo o mundo no dia seguinte e foi em capas de revistas por semanas. Hardy nunca recebeu um centavo pelo uso subsequente da foto. 

Poucos meses depois, ele se tornou o primeiro fotógrafo amador a ganhar o Prêmio Pulitzer.


A mulher do salto
A "mulher do salto" chamava-se Daisy McCumber, era secretária e tinha 41 anos. Ao contrário do que muitos acreditam, ela sobreviveu à queda de 11 andares, mas quebrou as duas pernas, as costas, e a pélvis. Passou por sete operações em um período de 10 anos e acabou amputando uma perna, mas em seguida recuperou-se e trabalhou até a aposentadoria. Ela morreu em 1992, aos 87 anos, sem nunca ter revelado até mesmo para a família que ela era a mulher na foto de Hardy.

Nota: Pesquisando na internet encontrei um site onde estão listadas todas as vítimas do incêndio e na maioria dos casos tem fotos e dados pessoais. Se quiserem ler, o site é: http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=62146527

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