domingo, 22 de abril de 2018

Civilização - Civilisation - XII

As Falácias Da Esperança - The Fallacies Of Hope

A primeira vez que assisti a essa série de documentários, roteirizados e apresentados por Kenneth Clark, foi no final dos anos 80, não me lembro mais se foi em 1987 ou 1988 quando vi um dos capítulos ser exibido na TV Cultura, canal 2, de São Paulo. Lembro que fiquei fascinado. Falava de arte, de religião, costumes, política e principalmente história. Tudo junto em um dos melhores documentários já realizados.

Neste penúltimo episódio, Kenneth Clark fala do movimento romântico, do qual ainda somos herdeiros, ou pelo menos éramos em 1969, e vítimas das falácias da esperança. O programa começa falando dos poetas e filósofos que ansiavam por liberdade. Será que ansiavam e ainda anseiam mesmo por liberdade? Ou será que era por uma utopia uma ideia fugaz que desse, e dê, às suas vidas algum significado depois que a ideia de imortalidade através da fé cristã havia se desfeito no século XVII? As questões são minhas, olhando pela perspectiva de quem está 50 anos após a produção do programa.

Kenneth Clark lembra que os melhores espíritos da época estavam encantados com a Revolução Francesa, talvez mais do estiveram com a Independência Americana, creio eu. Mas, sempre há um mas, os revolucionários rapidamente deixaram de lado a razão e a criação de uma sociedade mais justa e livre, mas se dedicarem a "apagar" os sinais da antiga civilização europeia, para construírem a nova civilização de onde emergiria o "novo homem". Os resultados foram: a destruição de construções históricas (sagradas ou não), a injustiça (principalmente contra os mais pobres), e a morte de centenas de milhares de pessoas (a maioria adversários políticos, mas não apenas estes) apenas pelo crime de discordarem dos líderes revolucionários. É obvio que o "novo homem" não veio, e não viria, pois este é um sonho utópico, que ainda hoje atrai seguidores e que, nos últimos 230 anos, serviu para justificar toda ordem de crimes que em nada serviram para criar um mundo (pelo menos) melhor.

Não deixa de ser irônico que, após toda a violência e agitação social e política, a revolução resultaria no Império Napoleônico, que apesar de declarar proteger e difundir os ideais que inspiraram os revolucionários de 1789, este nada mais era do que a reedição do Antigo Regime, mas com uma nova roupagem. Beethoven estava certo quando voltou atrás e retirou de sua 3° sinfonia a dedicatória à Napoleão. Não quero me estender mais, apenas basta dizer que passados 230 anos, a Europa, e por extensão o resto do mundo ainda ainda vê na Revolução Francesa, e não na Indepedência Americana, um exemplo. É uma pena! Ainda haverá muito sofrimento até que aprendam.

Com legendas em português: Não encontrei a versão dublada e infelizmente essa cópia está com as imagens meio borradas.

Em inglês:

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